13.2.13

Trois, douze, merde!

Quanto mais penso, mais gosto. Quanto mais gosto, mais me tento a achá-lo genial. É que uma pessoa anda nesta vida por causa dos Holy Motors, em suma, para se dar aos deslumbramentos. (Camada sobre camada, enche o ensaio o papo, mas não o saco, que isso não é coisa para se encher com pensamentos.) Desde então que monsieur Oscar toca acordeão na minha sala. Por marcação. Não que lho tivesse pedido, mas ele sabe. Sabe-o tão bem que, dias depois, quando via Amour numa sala do King, o som do acordeão de Holy Motors irrompeu da sala do lado para se sobrepor ao nosso, alto e bom, como se este mandasse parar a limusine por um impulso irresistível de contaminar a vida do lado. E eu em vez de me aborrecer com a engenharia incompetente das salas, exerci o meu direito de me borrifar para o Amor e entreguei-me à euforia mental de o ouvir novamente. Trois, douze, merde! – et encore. Pouco tempo depois estava a revê-lo na sala, a do outro lado. Por marcação.


(O acordeonista da esquerda lembra-me o sem-abrigo do Wire. Peço imensa desculpa.)