Este parágrafo da notícia que nos dá conta da morte de Malangatana é extraordinário. Pudesse eu, com esta facilidade e engenho, começar, assim da mão para o pincel, a expressar artisticamente o que vai nesta cabeça. Que, aliás, está imunda, já que nunca encontrei um(a) empregado(a) que a deixasse arejada sem antes me partir as porcelanas – só cacos.
Que Malangatana, homem de várias faces sob um nome que dança, tenha arrumado as malas uns dias depois de eu ter visto um pequeno filme em homenagem à arquitectura de Pancho Guedes em Maputo é um pitz creepy. Porque se foi Augusto Cabral a pô-lo nas tintas, foi Pancho Guedes, arquitecto português que decidiu ir ser espectacular para as Áfricas, a dar-lhe a benção, o empurrão e o sustento que faltava (comprava-lhe dois quadros por mês, por deus, e a mim nada. Mas temos tempo). O motivo que me levou a partir à descoberta do trabalho de Malengalenga é pouco ortodoxo e não interessa ao Menino Jesus, mas devia. Já o pequeno filme experimental de Christopher Bisset em torno da obra do nosso Pancho deveria interessar-vos a todos (é que traz magia e tudo). Nos entretantos, abandono-vos ao meu Malangatana mais venito: