30.6.10


© Ashlie Chavez






29.6.10

José Saramago morreu e já admitiu ter-se enganado: Deus existe

*Notícia avançada por António Lobo Antunes

Foi na manhã de 18 de Junho que a notícia eclodiu no espaço sideral e mesmo em alguns lugares de difícil acesso nas Fontainhas: José Saramago, Prémio Nobel da Literatura, morreu. Depois do funeral e das previsíveis polémicas, uma nova acha para a fogueira pública foi agora lançada pela mão de António Lobo Antunes: este, habituado a privar com Deus, garante que o Nobel foi confrontado com a Sua existência, num momento muito aguardado por ambos (isto é, por Deus & Lobo Antunes).

Conforme nos foi relatado pelo único escritor vivo desta notícia (para já), Saramago terá acusado Deus de desonestidade intelectual ao ter permitido que lhe fosse imputada uma obra que não está provada como sua e que foi mantida viva graças à escribatura de outros, ao passo que ele, Saramago, sempre labutou por conta própria, obtendo o seu vasto reconhecimento sem quaisquer «ajudas, esmolas ou muletas». Questiúnculas estas que foram prontamente ultrapassadas assim que Deus lhe pediu que autografasse O Evangelho Segundo Jesus Cristo. Iniciada a fase do elogio mútuo, Saramago viu-se extraordinariamente nomeado para um lugar no Céu, onde não é certo que Pilar entre («ex-freira, sabe como é», ri-se Lobo Antunes).

O Imprensa Falsa ainda perguntou a António Lobo Antunes se não lhe parecia possível entender-se este chamamento de Saramago – apressado pela impaciência de Deus por um autógrafo – como uma preferência de Deus pelo Nobel, mas este, provando que também sabe inspirar-se na realidade, roubou-nos os gravadores.

[notícia publicada no Imprensa Falsa]

Imprensa Falsa perdeu as mamas!


© Menina Limão


Parece ser esta a explicação para a polémica decisão deste jornal de integrar na sua equipa uma profissional das ditas, de seu nome Menina Limão, mais conhecida pelo seu acervo mental de exemplares do que pela sua capacidade de fazer da actualidade limonada, numa reinterpretação do clássico vinho d’água de Jesus. A Casa da Imprensa Nacional (wtf?) já expressou a sua preocupação pelo que a contratação parece indiciar de instabilidade no seio do Imprensa Falsa, mas o jornal defendeu-se da acusação alegando insanidade temporária.

O Conselho Editorial do Imprensa Falsa declara-se irresponsável por esta notícia e serve-se da mesma (inesgotável) insanidade temporária para justificar que uma notícia sobre a Imprensa Falsa nasça na Imprensa Falsa como se da Imprensa Falsa não se tratasse e, pior, que seja a pessoa por ela visada a própria redactora do texto. E faz ainda questão de acrescentar que «esta não é uma notícia», provocação (assim entendida) à qual Menina Limão responde: «as outras todas também não».

27.6.10

Cultura filosófica e fé

Sabe qual é o grande mal no que toca à religião? Ninguém estuda nada, nem o primário. Mas toda a gente tem opiniões.
D. Januário Torgal Ferreira, no i

Boa noite, vou-me deitar




[melhor vídeo de sempre? prendinha do Zé 'Tolo.]

Duas


design: Menina Limão


Com a bela e grandiosa Isabelle Huppert numa dupla interpretação, eis «Duas», um filme sobre as existências paralelas e entrecruzadas de uma mãe e das suas duas filhas, irmãs gémeas separadas à nascença. Uma das obras mais aclamadas do cineasta de culto Werner Schroeter, falecido este ano. Resta-nos então a homenagem.

Em exibição no Teatro Aveirense pela mão do Cineclube de Aveiro, na próxima segunda, 28 de Junho, às 22h.

Sapos

© Christian Defonte


«É só garganta.» Como se «só garganta» fosse pouco.

26.6.10

Já não se pode dormir nua e descansada


© npmc7


Esta coisa dos bichos me comerem de noite tem de acabar.

Barbas terroristas, línguas afiadas e uma pequena revolução na imagem castradora da mulher


© Tamara Lichtenstein



Pitchfork:
National's Matt Berninger, Eels' Mark Oliver Everett mistaken for terrorists

The Onion:
Airport officials mistake Matt Berninger’s slow-burning intensity for fast-exploding terrorism

Comentário de Mark Oliver Everett:
Not every guy with short hair and a long beard is a terrorist. Some of us just want to rock.



Melhor do que isto, só quando Beth Ditto, vocalista dos Gossip, acusada de contribuir, com a sua imagem de mulher gorda sensual e absolutamente confiante, para o aumento da obesidade nos EUA, reagiu dizendo que não podia responder porque tinha a boca cheia.

Se alguma vez te chamarem brochista, responde o mesmo.





E agora solta as banhas e dança-me este powa. 'Cause some of us just want to rock.

Como sabem, estou a ler «Um Bom Homem é Difícil de Encontrar»

Estou tão orgulhosa de mim mesma! Desconheço por completo o assunto «Carlos Santos».

23.6.10

Da perda


© Leo Tage


Reconhecer o teu património nas outras.
© Andre Jordan

22.6.10

Os golos são como o ketchup: uma pancadinha atrás e estão prontos a sair


Eu também queria da droga que Portugal tomou no intervalo. Mas desconfio que é apenas ketchup.

(Dedicado ao @CRSete, «o Verdadeiro Falso», que viu a sua conta silenciada, provavelmente pela Coreia do Norte.)

21.6.10

Meu dito, meu feito

Ao quarto golo, disse para o meu irmão: «só fico contente quando chegarmos ao sétimo».

18.6.10

@parisreview What we remember is probably fiction anyway. - Beryl Brainbridge

Desinfestação e Higienização, Lda.

Intriga-me (a desgosto) a estética porno: nenhuma outra consegue ser simultaneamente porca e asséptica. Que desagradável.

Por uma boa causa




Deus chamou-o para autografar O Evangelho Segundo Jesus Cristo.

Ah.




«Olá Limão (...). Lembrei-me de ti porque sai hoje com o jornal Público o filme The Brown Bunny, do Vincent Gallo.»

Nem percebo se é insulto, se é elogio, mas gostei muito

Não são apenas as imagens catitas, o segredo da menina limão é dar a entender que sofre muito, mas que fode ainda mais!

Dear God






Dear God, I hate myself
and I will never be happy
and I will never feel normal

17.6.10

It doesn't matter if we lie / Your sentences never defined you




Should you be scared
When I say sometimes I'd want you dead
So no one else can have you when it ends?
How'd I reach this point on my own
And how fragile right there I was
This is not the first time
That I've watched the end of that thing that had no end
Do you want me caring less
Sometimes we let go of what we need
Why can't you guess how I want to be loved
You can't even tell me what of me you need

[obrigada]

16.6.10

The way I'll go is the way I feel


© Ruth Swanson



MNDR - I Go Away


I'll go away
I'll go away
I'll go my own way

the similarities of our hells

Uma pausa na vida não é mais do que um ulterior e nuclear desejo de recomeço. (...)

the similarities of our hells, por PDB no Vontade Indómita

14.6.10

Sandy Kilpatrick, I like how it feels


© Menina Limão


Ainda o ano está a começar e poderei já afirmar que assisti a um dos melhores concertos do ano...
- Diário Aveiro|Clip


Dizemos nós: é um dos maiores compositores da sua geração...
- Mário Valente|Lounge|Lisboa


Sandy Kilpatrick é um talentoso músico escocês, actualmente radicado em Portugal, que depois de nos deleitar com um disco bonito, gosta de nos oferecer de seguida outro disco bonito. Com ele é assim. 2010 contará com o seu quarto álbum e dizem-nos ao ouvido que a palavra que o define é celebração. A outra é folk, mas não ta damos de bandeja para que nela te espreguices: terás de ouvi-lo. Redemption Road será lançado em Setembro em Portugal e no Reino Unido. E é o primeiro single I Like How It Feels que Sandy virá apresentar nos concertos que dará no Theatro Circo (Braga), a 16 de Junho, e no Mosteiro de Tibães (perto de Braga), a 16 de Julho, ambos às 22h. A escolha deste último lugar não é aleatória: foi lá que, em 2009, Sandy obteve uma Residência Artística, da qual resultou a composição de Redemption Road. Num cenário de lindíssimas paisagens a perder de vista, não custa imaginá-lo propício a coisas mágicas. E será, certamente, um dos lugares mais especiais onde poderemos ver um concerto.

Mas, para já, não te esqueças: o próximo concerto de Sandy Kilpatrick é já esta quarta-feira, dia 16 de Julho, às 22h, no Theatro Circo (em Braga). Eu não poderei ir, mas tu irás e depois irás contar-me como é que foi.


***


O cartaz é meu. É também com o Sandy Kilpatrick que me tenho ocupado. O design do álbum e do single e das demais peças serão, na devida altura, divulgados.

Adendas:
1) A fotografia que lhe serve de base é da Inês d'Orey;
2) A fonte tipográfica é uma criação minha, com base num projecto tipográfico do primeiro ano de universidade. É uma fonte desenhada a partir de manchas/gotas de água -- para o poster tornei-a mais clara e fiz variações de algumas letras.

12.6.10

Miserabilis

Por estes dias, sentámo-nos à mesa de um café para trabalharmos juntas, cada uma no seu projecto. Eu e o meu papel vegetal, ela e a sua tinta-da-china, e um senhor que se acercou endereçando-lhe um «espectacular». Eu, na minha sublimidade ferida, enfiei o corno no estuque e tomei-lhe a mão para uma fogosa valsa ao som das nossas bubuzelas mentais. Deliro, admito, eu deliro, mas delirar com ela é apenas natural.

A minha amiga, antes de o ser, era *só* a ilustradora que eu mais admirava e cujo trabalho eu seguia com asseverada dedicação. Hoje continuo a fazê-lo nos mesmos moldes cor-de-rosa purpurina, mas com o privilégio de poder assediá-la de perto com o meu próprio «espectacular» (já tenho cama onde ficar caso precise - a vida corre-me bem).

Os nossos corações são partidos, os nossos suspiros pouco comedidos e os nossos nomes manos: eu sou a azeda da praça e ela é a Mariana, a Miserável. Da sua miséria faz pêras doces e dá pêros surdos, vendendo a sopa final a preço de ouro à chuva. De Leiria para as Caldas fez-se designer, das Caldas para Barcelona fez-se designer empregada, de Barcelona para Lisboa fez-se aspirante a portuense e de Lisboa para o Porto fez-se aclamada ilustradora: tem um livro editado, tem actualmente desenhos e serigrafias à venda na Ó! galeria, no CCBombarda, e hoje inaugura mais uma exposição do coração no Contagiarte (Rua Álvares Cabral, 372), pelas 22h30.

A valência estética e técnica do seu trabalho são inegáveis e inconfundíveis, mas são o seu peculiar sentido de humor e uma fina ironia os seus mais irresistíveis trunfos. Sabem aquelas obras de arte a reboque de certos títulos? Não tem nada a ver. Mas as suas ilustrações são, de facto, inflacionadas pelo uso da palavra.

Deixo-vos com algumas das minhas ilustrações preferidas, correndo sérios riscos de vos ver debandar sem bê de bolta para os braços da Miserável, votando-me a mim à miséria. Mas hey!, já dizia o Jorge Palma: enquanto houver miséria onde nadar, a gente há-de continuar.






















Eu!




Tungas!


Não se esqueçam: têm até 3 de Julho para visitá-la, mas a inauguração é hoje, no Contagiarte, a partir das 22h30. E, depois, é só continuar a namorá-la ali e ir descobrindo porque é que ela acha que é Deus. Eu, a julgar pela fotografia que lhe tirei, estou tentada a concordar.

***
Esta declaração de amor estava prometida há muito. Recentemente garanti-lhe que não estava esquecida e tive como resposta este miserável lamento «oh, agora já nem se pode comentar». Vai daí, como sou espectacular, abri os comentários. Mas:

1. a medida é temporária: depois deste post, volto a excluí-los;
2. escusam de se esforçar nos insultos, porque activei a moderação;
3. só publicarei os comentários que forem feitos neste post;
4. sejam re-bem-vindos à rambóia.

10.6.10

7.6.10

Norte


design: Menina Limão


Em exibição hoje, dia 7 de Junho às 22h, no Teatro Aveirense, pela mão do Cineclube de Aveiro.

4.6.10

Girl You Have Magic Inside You


© mademuaselle


Uma miúda que só me conhece de vista sonhou que estávamos num jardim (como o do museu de arte antiga, olha o pormenor) e que eu tirava a camisola e ficava nua. Exigi saber como eram as minhas mamas. A descrição batia certo.

3.6.10

Enfim, mais uma citação. Mas é melhor do que qualquer um dos meus posts, por isso come e cala-te.

On Distraction
Our minds need to go on a diet.

One of the more embarrassing and self-indulgent challenges of our time is the task of relearning how to concentrate. The past decade has seen an unparalleled assault on our capacity to fix our minds steadily on anything. To sit still and think, without succumbing to an anxious reach for a machine, has become almost impossible.

The obsession with current events is relentless. We are made to feel that at any point, somewhere on the globe, something may occur to sweep away old certainties—something that, if we failed to learn about it instantaneously, could leave us wholly unable to comprehend ourselves or our fellows. We are continuously challenged to discover new works of culture—and, in the process, we don’t allow any one of them to assume a weight in our minds. We leave a movie theater vowing to reconsider our lives in the light of a film’s values. Yet by the following evening, our experience is well on the way to dissolution, like so much of what once impressed us: the ruins of Ephesus, the view from Mount Sinai, the feelings after finishing Tolstoy’s Death of Ivan Ilyich.

cont.

1.6.10

You said. I said.

[Jules et Jim]

Eu estou gone e enquanto estou gone:




Ouço as Vivian Girls e depois os Best Coast e depois as Vivian Girls e depois os Best Coast e depois as Vivian Girls e depois os Best Coast e depois as Vivian Girls e depois os Best Coast e então nasce-me um amor no cérebro.