29.6.10

José Saramago morreu e já admitiu ter-se enganado: Deus existe

*Notícia avançada por António Lobo Antunes

Foi na manhã de 18 de Junho que a notícia eclodiu no espaço sideral e mesmo em alguns lugares de difícil acesso nas Fontainhas: José Saramago, Prémio Nobel da Literatura, morreu. Depois do funeral e das previsíveis polémicas, uma nova acha para a fogueira pública foi agora lançada pela mão de António Lobo Antunes: este, habituado a privar com Deus, garante que o Nobel foi confrontado com a Sua existência, num momento muito aguardado por ambos (isto é, por Deus & Lobo Antunes).

Conforme nos foi relatado pelo único escritor vivo desta notícia (para já), Saramago terá acusado Deus de desonestidade intelectual ao ter permitido que lhe fosse imputada uma obra que não está provada como sua e que foi mantida viva graças à escribatura de outros, ao passo que ele, Saramago, sempre labutou por conta própria, obtendo o seu vasto reconhecimento sem quaisquer «ajudas, esmolas ou muletas». Questiúnculas estas que foram prontamente ultrapassadas assim que Deus lhe pediu que autografasse O Evangelho Segundo Jesus Cristo. Iniciada a fase do elogio mútuo, Saramago viu-se extraordinariamente nomeado para um lugar no Céu, onde não é certo que Pilar entre («ex-freira, sabe como é», ri-se Lobo Antunes).

O Imprensa Falsa ainda perguntou a António Lobo Antunes se não lhe parecia possível entender-se este chamamento de Saramago – apressado pela impaciência de Deus por um autógrafo – como uma preferência de Deus pelo Nobel, mas este, provando que também sabe inspirar-se na realidade, roubou-nos os gravadores.

[notícia publicada no Imprensa Falsa]