22.4.13

Ma MEC

Houve um momento em que decidiu: vou escrever sobre a Maria João? 

(...) Se eu escrever "a Maria João" fico acompanhado, ajuda-me a escrever. Já não consigo dissociar-me muito bem dela. Um casal tem uma vida própria. O Julian Barnes perdeu a mulher, que ele adorava, em 38 dias. Ele diz que quando se perde uma pessoa perde-se mais do que isso, perde-se a vida com aquela pessoa. Ela morre e ele fica menos do que meia pessoa. Isto tem um preço enorme. As pessoas cuidadosas, nas relações de namoro, guardam um sítio para onde voltar se tudo correr mal. No meu caso e no dela, não há sitio para voltar.

Escreveu uma crónica intitulada «O amor é um exagerador». É mesmo? 

Sim. É muito estranho querer estar só com uma pessoa da raça humana. O amor é um exagero. Aquela coisa "Como é que é possível, ela gostar dele que é tão horrível?" É uma coisa mágica. Duas pessoas que se encontram e formam uma unidade. Quando se vive assim, tudo é traição: "Ah, estás mais interessado em ler o jornal do que em falares comigo?!" No amor tudo pode ser traição. O amor é uma parada muito alta. Qualquer coisa pequena é uma coisa dramática. O amor é um exagero por isso. É tudo vivido à lupa. Há muita gente que acha de mau gosto. De mau gosto é uma pessoa fingir.

MEC, pois claro, numa entrevista (que quando não está a enternecer está a hilariar) ao Correio da Manhã.