21.11.21

We'll always have força centrípeta

Dito isto, eu descobri o moche aos 33. Estava em PdC com o Ricardo, tão no início que ainda não namorávamos, beberricando desde a zona VIP enquanto apreciávamos o espectáculo dos King Gizzard, quando vi uma centena de cabeças a transformar-se em mar revolto. E tive o seguinte pensamento inaugural: "Quem sou eu? O que faço aqui?" Foi fácil encontrar a resposta, que ofereci ao Ricardo com o dedo espetado na direcção do abismo: "Eu quero estar ali". Sacudindo o privilégio das nossas cervejas gratuitas, descemos da bancada até à zona de rebentação, onde vi o Ricardo imediatamente ser engolido depois de levar uma traulitada nos óculos. E pensei: "Olha, aquele já foi. Que pena, estava a gostar tanto de o conhecer". Encontrámo-nos no final; sobrevivemos. Fui uma criança tão feliz nesse PdC; estava infelicíssima e não sabia. E nunca mais maldisse o moche.