– Eu acho que devia arrastar um pouco a sua cadeira para trás, dobrar o seu tronco no sentido diagonal descendente, de forma a conseguir passar por baixo da mesa e na eventualidade de ficar com o rabo preso, aguardar muito quietinho pela assistência do próximo, que deverá tardar no máximo quatro horas. Quando tiver conseguido passar todo o seu corpo para o outro lado e se sentir, enfim, livre de amarras, deve continuar em frente, sair pela porta, e só parar quando chegar a Santo Tirso, altura em que deverá voltar para trás, para Lisboa, e novamente procurar-me. Estimo que demore sensivelmente uma semana a regressar, altura em que já não estarei vinculada a este local de escrabalho e não mais serei obrigada a aturar maluquinhos como você.
– Obrigado. E em relação ao evento?...
– Não sei.
– Muito obrigado.