20.8.13

Boa tarde. Queria (querias)


Esta história começa comigo numa farmácia a pedir a pila. Não uma pila, não a pílula, como vim a corrigir, mas a pila. Como consegui manter a postura de lady depois de tão comovente gaffe é um mistério. A farmacêutica, igualmente misteriosa, atendeu ao meu pedido (o segundo) sem pestanejar. Paguei pelo que pedi (pela pílula. Não pela pila.) e pus-me na alheta. À saída, apercebi-me de um bilhete dobrado em quatro com algo escrito, caído no passeio. Leio/não leio: leio; voltei para trás. Alguém escrevera à mão, a caneta azul: Para a Beatriz, e desenhara ao lado um coração gigante. Pego/não pego: não pego; nunca se sabe se não estaria a impedir a Beatriz de reaver o seu bilhete. Eu vinha do King, de ver o Dans la Maison e pus-me a pensar que o Claude jamais deixaria escapar a oportunidade de continuar a Beatriz. Duas horas antes, saía eu do metro de Roma e, desorientando-me como sempre, apesar de conhecer o percurso há dois anos e meio, perguntei a duas senhoras, funcionárias de uma loja de roupa, para que lado ficava o cinema King. Cinema King? Nunca ouvi falar. E de pila à venda na farmácia, já?