No penúltimo texto falei sobre os problemas laborais dos jovens portugueses ou, mais exactamente, sobre a infantilização crescente que lhes é imposta, condenando-os a, já depois dos trinta, viverem em casa dos pais, saltando de estágio em estágio ou de bolsa em bolsa. Mesmo a qualificação crescente a que são sujeitos, condenados a um sem fim de cursos, formações, pós-graduações, mestrados e doutoramentos, acaba por ser um peso e a marca de uma injustiça – estuda-se porque não se pode trabalhar.
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Uma solução possível, que pode parecer pouco eficaz, é na verdade bastante simples: as pessoas mais novas devem votar sempre que puderem. Já várias vezes se comentou que se vota mais entre as camadas mais velhas do que as mais novas. Se os jovens começarem a votar mais cedo e em maior número pode ser que comecem a ser mais ouvidos – boa parte dos políticos só pensa em vencer eleições.
Mas boa parte dos jovens portugueses passam mais de uma década no limbo, ocupados em coisas que não são nem estágios, nem empregos, nem aprendizagem nem ensino, nem desemprego, nem emigração. É um estado de precariedade e de exclusão que vai minando a capacidade para acreditar na sociedade em que se vive: fazer trabalho produtivo durante anos sem receber qualquer tipo de dinheiro ou legitimidade é uma excelente maneira de formar cínicos ou conformistas.
Texto (mutilado) surripiado ao The Ressabiator e cuja leitura aconselho na íntegra.