19.10.10
Mefisto-Mefez, volume xi
© annakieblesz
Dois minutos e um sorriso depois, tudo calmo. Mas uma música bastou para que embatesse o silêncio na tempestade e o disco se riscasse: estavam trazidas à baila memórias em ebulição. Crispada por pensamentos em carrinhos de choque, a menina arremessou o seu repertório de insultos ao calhas – era o que acertasse. Ele ripostou. Ambos exímios no desempenho do avesso, dois actores a lutar pelo papel de vilão. Até que ela quis abandonar o barco, que era um carro, desistir do teatro, que era real. Incapaz de consentir-lhe essa ousadia, a mão dele ferrou-lhe a coxa, se nos afundamos, afundamo-nos juntos, e uma mão foi suficiente para imobilizar um corpo. Do vestígio ao manifesto, cedo a marca vermelha extraída à garra deu lugar à nódoa negra. Houve quem lhe chamasse maturação.