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Sabemos todos que ler é uma coisa muito valorizada, e se o fizermos ao som de uma brahmalhada qualquer ficamos automaticamente credores de um broche no intervalo do jogo. Esta coisa das páginas pessoais na internet, também conhecida pela palavra "blogues", despoletou uma crise de exibicionismo de gravidade universal, e, com o meu total acordo, não se devem poupar esforços para a espezinhar.
Mas entra a autoconsciência, e parece que um nível "superior" dela foi, em certos círculos, elevado à condição de pechibeque da moda. De repente, a contabilidade das pontes que fizemos para o mundo tornou-se assunto tabú, de mau gosto, como se a negação exterior do nosso historial cultural fosse essencial para um interpretação estética e eticamente aceitável, relegando a eventual inteligência do que se é dito para a condição de roupa interior: só quando nos conhecermos melhor.
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Porque, de facto e sem querer baralhar-me muito, todos queremos o mesmo, ser reconhecidos, e, re-de-facto e baralhando-me definitivamente, a única maneira de alguém nos reconhecer na era da civilização (e assim) será através do que nós desejámos e desejamos. Deverá existir, não quero ser demasiado realista, quem queira o saber apenas para saber a matéria toda, mas isso é um comunista qualquer com óculos.