© scilit ( in Orlando, the world's largest McDonald's shaped like a giant box of french fries)
O coordenador da equipa do McDonalds vestia uma pele alva, um chapéu adornado por caracóis e um evidente problema de ego. Era sua missão acalmar os ânimos das caixas registadoras quando lhes saltava a tampa e encorajar as fritadeiras com promessas de lavagens automáticas. Enquanto os empregados depositavam no tabuleiro as partes constituintes do meu pedido, ele circulava em seu torno, ora falando alto para toda a gente (eu) ouvir, ora cochichando e desestabilizando a equipa em risadinhas. Eu continuava à espera das batatas, correndo sérios riscos de hiperventilar. Fui então socorrida pelo superhomem, baixote e sério, com um pacote das desejadas na mão, atribuindo sentido à vida do meu tabuleiro, que pôde então ser transportado para fora do palco das festividades. Procurei uma mesa que ficasse separada daquela zona por uma parede e, em paz, meti uma batata à boca; mastiguei uma vez, mastiguei uma segunda, mastiguei uma terceira e à quarta olhei para cima, zona presencial do bobo da corte, surgido à dobra do muro sem aviso prévio. Ostentava um conjunto de expressões e gestos de profundo embaraço e pesar e, oh diabo, um pacote de batatas fritas. Peço imensa desculpa (mastigo a batata), mas o pacote que lhe deram era o errado (mastigo a batata), esse já ali estava há algum tempo (mastigo a batata) e quando esse tempo excede os sete minutos, já não servimos (mastigo a batata), é uma regra nossa, (mastigo a batata), aqui está o pacote certo (paro de mastigar a batata, olho paralisada, procuro a salvação, suplico pela salvação), mas não há problema nenhum (mastigo a batata), não estamos aqui para envenenar ninguém (engulo a batata).