21.10.09
Mefisto-Mefez, volume x
© Imaginer Desodeurs
As mãos de um Mefisto não conhecem quietude. Mesmo num olhar mudo, parecendo imóveis, é um sangue expectante que lhes corre dentro, latente. Sorria.
– Sabes o que é fascinante no origami? Os vincos que permanecem quando desfazes o modelo. As marcas não se apagam, antes se acumulam, ad infinitum, até que o papel se rasgue. Passado sobre passado, expõem-nos. Vês?, aqui dobrei-te para dentro, ali dobrei-te para fora, e aqui, sentes?, inverti o sentido da tua cabeça e depois tirei-te as asas.
Mefisto pontuou a lição com um sorriso afiado e, rodando sobre si próprio, partiu, levando consigo o manual de instruções.