28.4.09

deixem-me explicar-vos

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Porque é que não tenho escrito sobre cinema? Porque não tenho ido ao cinema. É simples. É a esse nível de merdice que a minha vida anda - tão grande tão grande tão grande que nem faço a única coisa que me preenche. Nem sequer vejo as centenas de filmes que tenho em casa, contam-se meses desde a última vez que peguei num dvd. Claro que tenho ouvido música - é a minha epiderme, não preciso de seguir-lhe o encalço. Mas, por exemplo, dançar. Não danço desde a passagem de ano. Não vou a concertos, muito menos nem aos do Mercado Negro. Este mês não li nada. Andava a ler a um ritmo tão bom, para o nível miserável dos últimos três anos e entretanto fui-me abaixo. É isso, fui-me abaixo, e não me apetece nada dizer que estou lá em cima. Este blogue anda a irritar-me. Anda muito levezinho. Foda-se, mas eu estou na merda ou não estou? Claro que estou. Como sempre. Então que se foda esta porra toda e vocês também, já agora. Entretanto, rio-me. Já não resisto à minha própria palhaçada, é o que é. Vai-se a ver e isto continua tudo muito triste. Óptimo. Manifesto desde já a minha intenção de repor o tom a que este blogue tem direito e obrigação: rasteirinho, rasteirinho, fodidinho, todinho. Nem a propósito, grita agora mesmo um guna na minha rua olhá, ámanhá, até te bou matare. Fixe, por mim podia ser já hoje. Mas antes queria mandar um beijinho lá para casa, para as pessoas que me estão a ver. Em especial, para o , que não conheço pessoalmente e que no outro dia me fez um filho em sonhos, e eu em sonhos tinha namorado, que era o Pedro. Qual deles? Olhem, vão ver se chove, que pode ser que sim. O relato do sonho fica para depois, merece um tempo de antena exclusivo, como tudo o que é macabro e perturbador. Sinto-me mal. Se calhar não ajuda estar enterrada num puff preto enquanto escrevo - é como escrever sobre a escuridão da perspectiva de um buraco negro. Não saio de casa há dias seguidos. Demasiadas vezes dizem-me «és uma complicadinha», como quem diz «não há quem te ature». Mas é que não há mesmo. Estou sozinha há anos ou não estou? Ou vocês achavam que isto era tudo literatura? Desculpem lá se o discurso hoje é o inverso. Isto de falar para 400 pessoas diariamente não só é completamente contrário à minha vida real como às vezes me atrofia um bocado a tola.