18.12.08

Utopias

Confiando naquilo que, em The Blithdale Romance, Nathaniel Hawthorne conta de Charles Fourier, este acreditava que o inevitável progresso da humanidade rumo à perfeição faria com que um dia o mar passasse a saber a limão. O fascínio da imaginação utópica assenta em operações e em convicções desta natureza, que auguram um futuro de absolutos, programados e construídos à imagem dos desejos e da determinação de quem os projecta. O problema começa quando os fabricantes de utopias começam a pretender fixar as percentagens do açúcar, do ácido cítrico e do sódio, dando todo o poder ao laboratório que passará a gerir o fabrico, a manutenção e a partilha da água marítima. E, claro, condenando ao degredo o sabor a laranja.

Post surripiado ao Rui Bebiano, depois de me ter sido oferecido pelo Pedro Lago (o meu ego delirante agradece).