Um dos concertos da minha vida.
© Luís Oliveira Santos, fotógrafo do Mercado Negro e além-fronteiras
Poucos minutos depois de nos sentarmos à mesa para jantar, a Scout abre um pão a meio, retira-lhe o miolo e coloca-o debaixo do lábio superior, obtendo o mesmo efeito dos dentes postiços que usa no vídeo do tema Kiss. Vêem como eu fico transfigurada?, pergunta-nos. Entre risos e a admiração de a ver realmente transfigurada e perfeitamente descontraída quanto a isso, dissiparam-se quaisquer dúvidas quanto à qualidade do convívio: a Scout era um pouco louca, sim, mas muito acessível. Bem menos receptiva à música alheia do que eu suporia, queixou-se de já não se fazerem canções de amor, o que, em parte, eu compreendo. Valoriza a emoção em estado bruto e despreza a intelectualização, a ironia, o calculismo – é puro e duro e cru ou não é. Contou-nos, numa conversa já fora de horas, como precisa de se entregar emocionalmente a cada música cantada, de como necessita sentir-se dentro da mesma, com a intensidade de quem exorciza algo em tempo real. Que fique, então, claro: se o concerto de Lisboa sofreu com o cansaço de que a Scout foi vítima, o motivo é tão somente este: a sua incapacidade de vencer uma fadiga que se vinga na voz e que lhe impossibilita essa entrega essencial. No Mercado Negro, felizmente, tivemos direito a uma Scout divertida, calorosa e intensa. Melhor: tivemos mesmo direito a um concerto perfeito.
No Scrubs – “a” pérola: uma versão do tema das TLC.
Kiss – não a tocou em Lisboa, devido ao cansaço. Este vídeo captou um dos momentos mais divertidos e de maior interacção com o público.
Wolfie – canção com que terminou o concerto e onde se vê uma espécie de continuação da diversão captada no vídeo anterior.
Miss My Lion – numa versão rock/a puta da loucura.
Let Thine Heart Be Warned
Wet Road
© Luís Oliveira Santos