22.2.07

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Sei muito bem o que estás a pensar: então agora já não basta ouvi-la, é preciso, ainda por cima, olhar para ela? (Pausa. Idem.) Eu compreendo-te. (Pausa. Idem.) Compreendo-te perfeitamente. (Pausa. Idem.) Uma pessoa parece não estar a pedir muito, há mesmo alturas em que seria quase impossível (Voz entrecortada.) pedir menos – a um semelhante – é o menos que se pode dizer – enquanto que na verdade quando se pensa bem – profundamente – afinal de contas o outro precisa tanto de paz – tanto que o deixem em paz – que foi talvez a lua todo este tempo – estivemos talvez a pedir a lua.

Samuel Beckett, Dias Felizes, Editorial Estampa