31.10.15

Departamento de Especulações




© personal message

Tão bom, tão bom, tão bom.
Tão bom que eu quero tê-lo na língua original. E depois relê-lo.
Não houve nada que eu tivesse gostado mais de ler este ano.

29.10.15

Manutenção

Esperei desde as oito da manhã. Apareceram às nove e trinta e cinco. Pediram desculpa, pareciam sinceros. Eu estava tão furiosa que preferia que me tivessem deixado descarregar a fúria neles. Agradeci e deixei-os trabalhar. Detesto zangar-me para nada.

27.10.15

They say people never change, but that's bullshit, they do

I was raging, it was late
In the world my demons cultivate
I felt the strangest emotion but it wasn't hate, for once
Yes I'm changing, yes I'm gone
Yes I'm older, yes I'm moving on
And if you don't think it's a crime you can come along, with me
Life is moving, can't you see
There's no future left for you and me
I was holding and I was searching endlessly
But baby, now there's nothing left that I can do
So don't be blue
There is another future waiting there for you
I saw it different, I must admit
I caught a glimpse, I'm going after it
They say people never change, but that's bullshit, they do
Yes I'm changing, can't stop it now
And even if I wanted I wouldn't know how
Another version of myself I think I found, at last
And I can't always hide away
Curse indulgence and despise the fame
There's a world out there and it's calling my name
And it's calling yours, girl it's calling yours too
It's calling yours too, it's calling yours too, it's calling yours too
It's calling out for you
Arise and walk, come through
A world beyond that door is calling out for you
Arise and walk, come through
It's calling out for you
Arise and walk, come through
A world beyond that door is calling out for you

26.10.15

The less I know the better

Someone said they left together
I ran out the door to get her 
She was holding hands with Trevor 
Not the greatest feeling ever
Said, "Pull yourself together
You should try your luck with Heather"
Man I hope they slept together
Oh, the less I know the better
The less I know the better

Oh my love, can't you see yourself by my side
No surprise when you're on his shoulder like every night
Oh my love, can't you see that you're on my mind
Don't suppose we could convince your lover to change his mind
So goodbye

She said, "It's not now or never
Wait 10 years, we'll be together"
I said, "Better late than never
Just don't make me wait forever"
Don't make me wait forever
Don't make me wait forever

Oh my love, can't you see yourself by my side?
I don't suppose you could convince your lover to change his mind

I was doing fine without ya
'Til I saw your face, now I can't erase
Giving in to all his bullshit
Is this what you want, is this who you are?
I was doing fine without ya
'Til I saw your eyes turn away from mine
Oh, sweet darling, where he wants you
Said, "Come on Superman, say your stupid line"
Said, "Come on Superman, say your stupid line"
Said, "Come on Superman, say your stupid line"

25.10.15

Perguntaram-me o que estou a fazer na capa do novo livro do Ricardo Adolfo



© Natsumi Hayashi

24.10.15

Restless

Tell me what you
See in the mirror when you're feeling restless
Do you see a man who isn't there?
Living for the sake of living
I can promise you no one cares

Magia

Foi há exactamente um ano que comecei a leitura de Magic For Beginners no kindle, contagiada pelo entusiasmo algo incrédulo do Presidente Casanova, sempre generoso no seu chamamento pela educação das almas, apenas para a interromper dois contos depois, decidida a só os retomar quando adquirisse um exemplar em papel, para adorar e sublinhar. Não pensei que demorasse tanto tempo a resolver o conjunto de circunstâncias que até hoje me impediam de fazer compras na Amazon, mas cá estamos, exactamente um ano depois (24 de Outubro  de 2014/15), entusiasmadíssimas (eu e a minha impostora, que tantas vezes dá a cara) com a nossa primeira compra nessa empresa do bem e do mal.

I pity the fool.
Todo o fool que não sabe ou não virá a saber, porque nada fará por isso. Que imaginação prodigiosa, que escrita do caraças.

21.10.15

Oct 21 2015

E o que eu também quero saber é se uma coisa que é do passado, disse Brooke, também pode de certa forma estar a acontecer no presente. Se o passado está presente no presente, disse o pai, e se o passado está presente no futuro, boas questões, Brooke. 

(As pequenas alegrias da vida, como ter terminado O Passado é um País Estrangeiro no dia em que Marty McFly aterrou no futuro.)

-

You show em

National security breach


I just leaked it to the press.

20.10.15

O passado é um país estrangeiro

© Mafalda Melo, na Arménia

Weeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee

Boa gente, a minha gente

Daniel, Sérgio, sejam amigos.

17.10.15

Candidatura espontânea

– Não estou a falar de tédio – disse ela. – Estou a falar de malandrice.
A maneira como o disse fez parecer que falava de travessuras.
– Malandrice sexual? – perguntei eu, sem querer parecer demasiado curioso.
– Malandrice intelectual.
Como não tinha a certeza de poder confiar em mim próprio durante mais tempo na sua presença atraente, deixei ficar a coisa por ali. Se bem que ela me deixou com a sensação de que tinha mais a dizer.
Aquilo que também me deixou a sentir foi que alguém devia ficar de olho nela. Um posto para o qual, estivesse ele vago, eu pensaria bem antes de me candidatar.

Howard Jacobson, J, trad. Ana Ribeiro, Bertrand

99%





Os Polimorfs

Sim, é isso que diz, sou polimórfica. É um defeito e uma qualidade. Defeito porque retira concentração. Qualidade porque é uma reivindicação de liberdade. Não gosto dos códigos, gosto de passar de um a outro. É um gosto que me caracteriza como artista. Como Lon Chaney.

Jeanne Balibar, em entrevista ao Público, em 2009

12.10.15

She's the mess you don't want to clean up

I was staring at the sky, just looking for a star
To pray on, or wish on, or something like that
I was having a sweet fix of a daydream of a boy
Whose reality I knew, was a hopeless to be had
But then the dove of hope began its downward slope
And I believed for a moment that my chances
Were approaching to be grabbed
But as it came down near, so did a weary tear
I thought it was a bird, but it was just a paper bag

Hunger hurts, and I want him so bad, oh it kills
'Cause I know I'm a mess he don't wanna clean up
I got to fold 'cause these hands are too shaky to hold
Hunger hurts, but starving works, when it costs too much to love

And I went crazy again today, looking for a strand to climb
Looking for a little hope
Baby said he couldn't stay, wouldn't put his lips to mine,
And a fail to kiss is a fail to cope
I said, 'Honey, I don't feel so good, don't feel justified
Come on put a little love here in my void,' he said
'It's all in your head,' and I said, 'So's everything'
But he didn't get it 
I thought he was a man
But he was just a little boy

Hunger hurts, and I want him so bad, oh it kills
'Cause I know I'm a mess he don't wanna clean up
I got to fold 'cause these hands are too shaky to hold
Hunger hurts, but starving works, when it costs too much to love

The Feminine Grotesque, I













11.10.15

The Feminine Grotesque

Joan Crawford - © Eve Arnold

«You’ve seen her before. She’s Lilith refusing to lie under Adam. She’s Zelda Fitzgerald in the sanatorium. She’s your ex-girlfriend that drank too much and laughed too loud and in the dark muttered about her intense fear of becoming the mother she barely knows. She’s Medusa. She’s your best friend from college whose red lips seem abhorrent, like some open wound speaking all the things women aren’t even supposed to think. She’s the mess you don’t want to clean up. She’s me. Or maybe you’ve seen her on screen in the overripe sexuality of Nicole Kidman in Stoker. Or in the gunshot loud shriek of Bette Davis facing the mirror image she can’t escape in Whatever Happened to Baby Jane? Or she’s the warped legacy that Joan Crawford has become in the cultural imagination. These women have been with us for a long time and they are legion.»

Angelica Jade, The Feminine Grotesque: a unified theory on female madness in cinema and american culture (series introduction)

9.10.15

O Passado



Este título, esta capa, esta premissa. Esperemos que cumpra.

Outubro, Outono-Inverno

«A despeito do tempo, da memória, da família, da História e de tudo o que foi perdido, estava-se hoje a meio da manhã de um dia de outubro em Greenwich Park. O céu tinha uma vaga ameaça de chuva e o dia estava quente, cerca de dezanove ou vinte graus, demasiado quente para esta época do ano, o último sopro exibicionista antes dos rigores do inverno. Como se adaptam tão bem às coisas os seres humanos sem sequer se aperceberem, cegamente passando de um estado a outro. Numa manhã era verão, na seguinte quando acordávamos já o ano todo se fora embora; está-se com trinta anos e no minuto seguinte já se tem sessenta, sessenta já no próximo ano num abrir e fechar de olhos, como era tudo tão rápido. Tão rápido e tão fácil, mas, ao mesmo tempo, tão horrível, quando se pensa nisso, as estações e os anos a cederem o caminho a esta gente que se põe em nome de Deus a filosofar / e os seus sermões durante quanto tempo os teremos de aturar / tu pareces um velho padre a resmungar, e aqui ele bloqueou-a, concentrando-se fortemente na magnífica imagem que tinha descoberto na primavera para usar na edição outono/inverno da revista Wildlife. Tinha-a sugerido para a capa, mas nunca ninguém ouvia as propostas de um mero conselheiro de imagem (optaram pelos pinguins, mais uma vez). Era a imagem de um pequeno pássaro amarelo dourado a cantar no campo, no inverno, algures em Itália. (...) Dado que o ar estava gélido, as notas que o pássaro acabara de entoar ficavam momentaneamente no ar como uma sequência de círculos de fumo e a máquina captara-os antes de desaparecerem de vez.
O inverno. Tornava as coisas visíveis.»

Ali Smith, O Passado É Um País Estrangeiro, trad. Helder Moura Pereira, Quetzal

8.10.15

Contaminações, VI

Portrait de la journaliste Sylvia von Harden (1926), Otto Dix // Secretary at a West German Radio (1931), August Sander

7.10.15

Rua do Rosário

© Menina Limão

O prédio onde cresci no Porto, depois de restaurado. Maio, 2013.

tumblr | flickr | instagram | facebook | behance

6.10.15

A pele do dragão

«É tão fácil arruinar o momento, escapar-nos aquilo que o torna verdadeiramente único. É mais fácil, em vez disso, continuarmos a repetir-nos. Lenny chama a este tipo de vida «esclerose do carácter», um endurecimento do eu. O escritor Alasdair Gray chama-lhe «a pele do dragão». (...) Continuamos na mesma, quando devíamos estar a mudar.»

Vincent Deary, Somos Assim, trad. Pedro Vidal, Temas e Debates

To think think sink

«Afundarmo-nos é o que há de mais fácil; basta cumprir todas as ordens que recebemos, comer apenas a ração, observar a disciplina do trabalho no campo. A experiência mostrou que apenas exceptionalmente se poderia sobreviver mais de três meses desta maneira. Todos os musselmans que acabaram nas câmaras de gás têm a mesma história ou, mais exactamente, não têm história; desceram a encosta até ao sopé, como riachos que correm para o mar.»

Primo Levi, Se Isto é Um Homem, trad. De Simonetta Neto, Teorema


"«Nenhum traço de pensamento, nenhuma vontade, nenhuma centelha divina. É para aí que nos dirigimos. (…) De homem a boneco em semanas. Todo um conjunto estranho de procedimentos e hábitos tomou possessão, possessão completa, nalgumas semanas, e Levi diz-nos, com toda a frontalidade, que apenas aqueles que mantiveram algumas reações suas – uma pequena centelha, um mínimo movimento, um vestígio de vontade independente, de vida, de pensamento – apenas aqueles que não deixaram o sistema em que estavam mergulhados tomar conta de tudo, apenas esses sobreviveram. No fim, a nossa verdadeira liberdade poderá não ser nada mais do que «o pequeno movimento que faz com que um ser social totalmente condicionado seja alguém que não devolve por completo aquilo que o seu condicionamento lhe deu*.»"

*De uma entrevista com Jean-Paul Sartre, «Itinerary of a Thought», em New Left Review, 1/58, novembro-dezembro 1969.

Vincent Deary, Somos Assim, trad. Pedro Vidal, Temas e Debates

5.10.15

Um partido de "homens" (conceito a repensar)

Eu gostava de saber o que tem o PAN contra o penso higiénico que não tem contra a fralda (de bebé e não só).

4.10.15

Urnas

Elevador da Junta de Freguesia de Alcântara avariado. Enquanto lá estive, vi pelo menos cinco idosas de muletas, bengalas e andadores a subir e descer com a ajuda de terceiros (familiares, bombeiros). Mas estas foram as pessoas que não desistiram do seu intento, ainda que com enorme dificuldade. E aquelas que não terão conseguido subir? Como é que não estão garantidas todas as condições de acesso num edifício para este fim?

(Na Ler Devagar, tocava a People Have The Power em repeat. Como um apontamento surrealista no meio do quadro. Um quadro que é um desmaio.)

Trajectos

Quarenta minutos a pé até às urnas, mais quarenta minutos a pé das urnas para casa; às tantas tive de começar a reflectir sobre outras coisas.

2.10.15

After midnight we could feel it all

(Música mais bonita de 2015 e não se fala mais nisso.)

O melhor é não fazer qualquer sentido

Quando um gajo quer fugir, foge logo para os significados, disse-me ontem um bêbado chato, como são todos os bêbados.