22.3.13

I’m a ghost and you all know it


Estou naquela altura do mês, estou a brincar, já nasci assim. O trabalho de ginásio três vezes por semana não é suficiente para libertar o corpo das toxinas da fúria. Uma pessoa vê-se forçada a socorrer-se do rock ‘n’ roll.
Perdida na tradução, I’m a sucker por miúdas que berram e gritam e não alcançam (elas gritam melhor, não é, Segismundo?), por vozes que pulsam como se trouxessem o coração na garganta, com uma ferocidade adulta que engana: 30 anos na voz, 14 no corpo, 23 de identidade, 18 à altura da composição – espantem-se. 2012 foi o ano da Fiona e que bem que ela gritava. Não é pedir muito, que todos os anos haja alguém que dê corpo à vontade universal de partir esta merda toda. Desde que fomos invadidos por móveis IKEA que o mundo anda a pedi-las. Bird Balloons é daquelas músicas que uma Limona ouve e sente logo vontade de escrever não sei o quê, porque tem muitas camadas para todas as amplitudes emocionais (sinto muito) e no final há uma Lady a chafurdar na puta da loucura, que é sobretudo o que nos arrasta para a luta das entrelinhas. Quem for pela doçura, não fica sem programa, basta que se demore na beleza com que ela entoa, exactamente a meio, «my limbs, my love», um pouco antes de anunciar «this is my loss of love, my loss of limb».

This is my loss of love, my loss of limb
You were my friend
but now
I'm a ghost and you all know it
I'm singing songs and I ain't stopping
My hair grew long so I fucking cut it
and when you looked away
I snuck those trimmings in your locket
Ha-ha-haa-ha-ha