29.6.11

Astrid Kirchherr


© Astrid Kirchherr


Morreu-lhe o noivo nos braços, ou assim o dizem. Dizem também que vive happily in Hamburg.

28.6.11

My Own Private Legacy


My Own Private Idaho (1991), Gus Van Sant


Para Gus Van Sant, a cena westerniana de My Own Private Idaho, em que vemos River Phoenix e Keanu Reeves de volta de uma fogueira, representa o clímax de uma amizade (que é, na verdade, uma declaração de amor). Considerando a sua relevância, bonito foi que Van Sant tivesse permitido a Phoenix escrever o diálogo (ou reescrevê-lo por improviso, o que aconteceu repetidas vezes). E tendo ainda em conta o conteúdo do mesmo, uma reflexão sobre uma broken home e uma fucked up youth a terminar na frase que vêem fotogramada acima, é inevitável imaginar que há ali um River Phoenix a abrir o peito ao mundo, a mando da fantasia. Não é mais wishful thinking do que uma bonita ironia. Acima de tudo é um legado.

27.6.11

Mefisto-Mefez, volume xiv

© Anna Morosini

Mantém a namorada perto e as ex-namoradas ainda mais perto. Mefisto guarda uma de cada à mesma distância – a distância de um dedo na boca, pedindo saliva, pressionando o gatilho. Morrem todas de morte súbita, graus de tragédia diferentes. De namorada ao seu contrário, um instantinho de despromoção – só no papel, na cama não. O monstro quer, a menina sonha, a foda nasce, ou não se convencessem as inocentes de que serão elas a fazê-lo homem transformado. Só Mefisto sabe que a nova dama aflita não tardará a esfolar os joelhos no asfalto e que a fantasia dura o momento exacto de um intervalo – até novo entretenimento. Com sorte, continuará a seu lado, um passo atrás da novidade. Mas é provável que não chegue para tanto.

26.6.11

Great Scott!

Tenho bolhas nos dedos de ter conduzido com o volante a escaldar, fui mordida nas pernas por uma incógnita que mas deixou doridas, passei a semana com dores de cabeça e hoje caiu-me o chuveiro no tornozelo. Boa noite, vou tratar de regressar ao futuro.


24.6.11

The Fool




Não, garanto-lhe, não tenho uma tendência para o erro de casting, sei bem o que não quero, sei melhor ainda o que mereço, fui tonta, mas tinha amor para sê-lo, há muito que o não sou, que penso com palitos nos olhos, que o que me aconteceu depois eu não poderia sabê-lo, não conhecia a espécie, não sou pela sacanagem, não, esta era outra coisa, eu nunca fora tão bem tratada, era impossível ser mais bem tratada, reconhecer o cancro na perfeição, se era ela a que tínhamos direito, e aceitar que o inferno se instalara no paraíso, agora deus e diabo simultaneamente, para sempre.

Oi


Dustin Hoffman por Ron Galella

22.6.11

Mel


© Menina Limão


Em exibição no Teatro Aveirense pela mão do Cineclube de Aveiro, dia 27 de Junho (segunda-feira), às 22h.

21.6.11

Dog Day Afternoon




Quando ouço WU LYF só me apetece mostrar as tits ao barbeiro da frente e gritar ATTICA! ATTICA!

Ponto de exclamação, ah. ah. ah.

Com que então o Senhor Palomar era o e o Máscara & Chicote era o.


(Eu até dizia quem era O Meu Pipi, mas toda a gente sabe.)












20.6.11





You're a Woman, I'm a Machine


© Helena Pogreb Carter


Fiz a minha primeira (e longa) viagem na auto-estrada e IC coisos. Começo a ter dificuldades em defender o menina.

12.6.11

Ó putchi...




No momento seguinte, a boca torceu-se num 8 horizontal e ele chorava desalmadamente.

Nove Contos, J. D. Salinger, tradução de José Lima, Difel

11.6.11

10.6.11

Livros preferidos

adenda: O Livro da Dança, Gonçalo M. Tavares | Fragmentos de um Discurso Amoroso, Roland Barthes | Cartas a um Jovem Poeta, Rainer Maria Rilke | Trópico de Câncer, Henry Miller | Dias Felizes, Samuel Beckett | Já parei, Menina Limão.

Gosto muito d

Com que então ninguém me passa correntes. Será porque eu não respondi às últimas 10? É preciso ter lata. Vai daí, numa decisão unilateral e agressiva, resolvi responder ao questionário que o Marco, a Saturnine, a sem-se-ver e a Luna não me passaram, mas que entretanto a F reencaminhou:

1 - Existe um livro que lerias e relerias várias vezes?
Já reli livros, não por devoção à obra, mas para saber se hoje teriam o mesmo impacto. Por exemplo, A Voz Humana da primeira vez não fez estragos, mas depois desconfiei que, vividas umas coisas, seria diferente. E foi.

2 - Existe algum livro que começaste a ler, paraste, recomeçaste, tentaste e tentaste e nunca conseguiste ler até ao fim?
Até hoje só desisti de um livro, o iô-iô do Thomas Pynchon, mas julgo que não estavam reunidas todas as condições para, uma vez que me encontrava a bater excepcionalmente mal da cachimónia. Pretendo retomá-lo um dia para saber se posso deixar de me sentir culpada.

3 - Se escolhesses um livro para ler para o resto da tua vida, qual seria ele?
Existem formas mais rápidas de enlouquecer.

4 - Que livro gostarias de ter lido mas que, por algum motivo, nunca leste?
Oi? Queres ver que já morri e nem acabei com a gelatina do frigorífico?

5- Que livro leste cuja 'cena final' jamais conseguiste esquecer?
Tenho memória de caca de peixe.

6- Tinhas o hábito de ler quando eras criança? Se lias, qual era o tipo de leitura?
Lia tanto que os pais me mandavam dormir e eu continuava a ler, fazendo incidir a luz do despertador sobre a página para eles não descobrirem. Mas «criança» abrange várias épocas, sócio. Desde Os Cinco, a Uma Aventura, ao Triângulo Jota (que a puberdade já exigia palavrões e descrições de beijos e de seios a tocar no outro). Depois, A Lua de Joana, a primeira rebeldia a confirmar a minha. O Diário de Anne Frank marcou-me muito pela sexualidade descomplexada. Eu tinha 13 anos e andava muito confusa. Cheguei a ler outros dois livros sobre ela (testemunhos de pessoas que a conheceram, do pai, o único sobrevivente, etc).

7. Qual o livro que achaste chato mas ainda assim leste até ao fim? Porquê?
Creio que isso nunca me aconteceu. Não sou a maior?

8. Indica alguns dos teus livros preferidos.
Não tenho pachorra para isto. Ainda por cima perdi a única lista que fiz até hoje (porque me apagaram a conta do facebook, não foi assim, Beatriz?). Coragem:

Teatro Completo, Sarah Kane | Sangue no Pescoço do Gato, R.W. Fassbinder | A Voz Humana, Jean Cocteau | Um bom homem é difícil de encontrar, Flannery O'Connor | O Amante, Marguerite Duras | Os Passos em Volta, Herberto Helder | 1984, George Orwell | Alice no País das Maravilhas, Lewis Carroll | Na Solidão dos Campos de Algodão, Bernard-Marie Koltès | A Insustentável Leveza do Ser, Milan Kundera [mas preciso de reler, para confirmar] | O Insecto e outras histórias de mães e filhas, Claire Castillon | Four Bare Legs in a Bed, Helen Simpson | Sleeping Around, Hilary Fannin, Stephen Greenhorn, Abi Morgan, Mark Ravenhill | Lunar Caustic, Malcolm Lowry | O Sangue dos Outros, Simone de Beauvoir | A Sul de Nenhum Norte, Charles Bukowski | O Velho e o Mar, Ernest Hemingway | O Estrangeiro, Albert Camus

[poesia excluída]

[é melhor parar]

adenda: O Livro da Dança, Gonçalo M. Tavares | Fragmentos de um Discurso Amoroso, Roland Barthes | Cartas a um Jovem Poeta, Rainer Maria Rilke | Trópico de Câncer, Henry Miller | Dias Felizes, Samuel Beckett | Já parei, Menina Limão.

9. Que livro estás a ler neste momento?
Nove Contos, J.D.Salinger [é provável que entre nos favoritos].

10. Indica dez amigos para o Meme Literário:
Migos? Loli.

Ora então a papelada segue para: Cretino e/ou Puta de Prisão | Segismundo (não vá andar a precisar de enfiar a cabeça no Atlântico) | Aurea Mediocritas | Brunette Senette Martinica | A Douta Ignorância (é à vontade do freguês) | Lady oh my Dog! | o meu bicho do mato | Meninas e Moças, Cachopas e Gaijas | Ana Cláudia Vicente | Daniel (ó vá lá...) | Catarina trama-se | Sara Pais (volta!) | & demais gentes com vontades.

adenda: Samuel Filipe | Morgada de V. (para obrigá-la a postar, claro está) | Jorginho, filho | Ana Cristina Leonardo | peço imensa desculpa por não vos ter incluído na primeira tiragem, mas uma segunda edição é sempre bom sinal.

9.6.11


© Helena Pogreb Carter


Resolvi sair do poço. Aquilo começava a cheirar mal.

3.6.11

Cineclube de Aveiro | JUN-JUL


© Menina Limão


Programação do Cineclube de Aveiro para os próximos dois meses. Exibições todas as segundas-feiras, às 22h, no Teatro Aveirense.

Babel e Sião

Sôbolos rios que vão
Por Babilónia, me achei,
Onde sentado chorei
As lembranças de Sião
E quanto nela passei.
Ali, o rio corrente
De meus olhos foi manado;
E, tudo bem comparado,
Babilónia ao mal presente,
Sião ao tempo passado.

Ali, lembranças contentes
Na alma se representaram;
E minhas cousas ausentes
Se fizeram tão presentes,
Como se nunca passaram.
Ali, depois de acordado,
Co'o rosto banhado em água,
Deste sonho imaginado,
Vi que todo o bem passado,
Não é gosto, mas é mágoa.


E vi que todos os danos
Se causavam das mudanças
E as mudanças dos anos;
Onde vi quantos enganos
Faz o tempo às esperanças.
Ali vi o maior bem
Quão pouco espaço que dura;
O mal que depressa vem,
E quão triste estado tem
Quem se fia da ventura.

(...)

Luís de Camões