29.10.10

Entrevista


© margaret durow


Licenciada não-amestrada, com jugular à mercê de chupão, faz contas matemáticas em circuito electrónico isolado. C’est moi; ça va? Preencho requisitos pouco aflitos e junto-lhes certificado de má formação no dobrar da língua: tudo o que sai vai torcido. De emaranhado cabelo, olho de chumbo e mão à palmatória, estaciono as pestanas no desejo dos teus lábios. Punhos cerrados. Eu sei, tu viste-me torcer os pés e desejar que a menina de porcelana se espatifasse no cimento. Ou que me abraçasse sem perguntar pelo nível de entorpecimento. Tem sido assim: raiva amarga em armadura só a mim me fura. Depois, medo. Medo do chilrear dos pássaros a desoras de acordar. Como descobrir um tesouro debaixo de água enquanto te afogas. O tempo é de contenção, pensamentos em aperto, ensaiados à exaustão, apresentados em espectáculo mediante aceno de mão. A saudade emudeceu-me. Descobri que o cheiro do teu casaco desmaiou na madeira do armário. Que agora é apenas um trapo a lembrar um corpo, como o vestígio de um acidente mortal. O odor é o último a morrer – depois perdeste tudo. Aprende comigo: o segredo é a alma do imbróglio. Ambições?, perguntou-me. O meu reino de despojos por um batimento cardíaco.

27.10.10

Singing songs sadly sing songs so lonely




Jantámos ao som de Tim Buckley (por sugestão dele) em loop (por imposição minha). É sempre assim quando chego (e comecei por chegar atrasada) ao Troubadour: emperro. Porque quando ele diz

As she walks near me my blood feels the chance
All spinning and swirling it yearns for the dance
To become part of me poor one to take part of her

e depois

Don't say that tomorrow will bring me her love
Don't let me wait for words undestined from above
Let me laugh through her fingers and smile through her hair
Let me love the one I see for I know that she's there
For tomorrow and today aren't here anymore


um animal – e mesmo uma pessoa – acaba a rodopiar nos lalalalas mais encantadores da história das cenas e assim. Aposto contigo – ó estende-me a mão – que não saberás decidir entre o entalo do sorriso e o do coração.

26.10.10

se eu fosse um vídeo #11

25.10.10

I'm in pulgas







Isto é música para se dançar saltando ao pé coxinho para trás e para a frente enquanto se tenta estabelecer eye contact com todos os pirilaus da pista.

Ah, não me digas

© Ariel Rosenbloom

24.10.10

When you're alone, you're so alone




Encontrei-me num sonho tão maravilhosamente bom, que prolonguei a ronha até ao limite da impossibilidade. Agora estou a tentar esquecer-me de que a realidade deixa muito a sonhar.

23.10.10

Burning Love


Burning Love, Pei-San Ng (architectural designer and multimedia artist)


Pode ser que te queimes.

Death's Duel

We have a winding sheet in our mother's womb, which grows with us from our conception, and we come into the world wound up in that winding sheet, for we come to seek a grave.

(...)

There in the womb, we are fitted for works of darkness, all the while deprived of light: and there in the womb we are taught cruelty, by being fed with blood, and may be damned, though we be never born.

(...)

Our birth dies in infancy, and our infancy dies in youth, and youth and the rest die in age, ald age also dies, and determines all. (...) Our youth is hungry and thirsty, after those sins, which our infancy knew not; and our age is sorry and angry, that it cannot pursue those sins which our youth did.


Dias depois de ler este seu (sufocante) sermão Death's Duel em público, John Donne... morreu.

21.10.10

Wendy And Lucy


design: Menina Limão


Em exibição no Teatro Aveirense pela mão do Cineclube de Aveiro, na próxima segunda, 25 de Outubro, às 22h.

20.10.10

Bitchos




Confuso? Bicho do mato, zona VIP.

19.10.10

Mefisto-Mefez, volume xi


© annakieblesz


Dois minutos e um sorriso depois, tudo calmo. Mas uma música bastou para que embatesse o silêncio na tempestade e o disco se riscasse: estavam trazidas à baila memórias em ebulição. Crispada por pensamentos em carrinhos de choque, a menina arremessou o seu repertório de insultos ao calhas – era o que acertasse. Ele ripostou. Ambos exímios no desempenho do avesso, dois actores a lutar pelo papel de vilão. Até que ela quis abandonar o barco, que era um carro, desistir do teatro, que era real. Incapaz de consentir-lhe essa ousadia, a mão dele ferrou-lhe a coxa, se nos afundamos, afundamo-nos juntos, e uma mão foi suficiente para imobilizar um corpo. Do vestígio ao manifesto, cedo a marca vermelha extraída à garra deu lugar à nódoa negra. Houve quem lhe chamasse maturação.

17.10.10

Atrasados

Resumindo e concluindo (roubei-o ao RPR e redistribuí-o pelos pobres).

14.10.10

(Des)encontros







We Don't Live Here Anymore, John Curran, 2004

13.10.10

Bright Dark Dark Dark



Think of a place I would go,
I'm daydreaming,
Where the sycamore grow,
I'm daydreaming,
And oh if you knew what it meant to me,
Where the air was so clear,
Oh if you knew what it meant to me,
Anywhere but here.

(...)
Oh the unspeakable things


Não tem a estranheza da voz que canta a corda ao pescoço ao som do acordeão em Junk Bones e, vá, não tem acordeão (que, com a concertina, faz o meu instrumento de eleição), mas consegue equivaler-se à droga-mãe no talento para nos viciar em sufocar o pulmão.

Dark Dark Dark situam-se com toda a clareza na minha prateleira (querias) das paixões assolapadas (e, acrescentaria, algo weirdos, que é como eu as prefiro).

A oh my god! what da fuck!!! Junk Bones, amora de perdição posicionada superiormente abaixo, só veria a luz da publicação (numa regra de três simples equacionada de mim para mim) quando eu conseguisse escrever algo que me desassombrasse da sua letra. Passou um ano e tal; sem sucesso. Mas como é que ela diz mesmo? Oh the unspeakable things.





All that rope you hang your neck with
It left a mark
but now you're a ghost, you can find
A home away from here
I always wanted to find a home away from here

(...)

Fish Tank, ii


design: Menina Limão


Olha um filme sobre o qual escrevi aqui, ó ó, ah pois é.
Em exibição no Teatro Aveirense pela mão do Cineclube de Aveiro, na próxima segunda, 18 de Outubro, às 22h.

12.10.10

2'50''




Nunca devíamos crescer o suficiente para deixarmos de dormir com as nossas amigas, parte II.

10.10.10

Apocalipse

O meu pai aprova a minha expulsão do Facebook. O problema é que nós divergimos quanto aos critérios de qualidade dos palmiers. Que tragédia.

I Wish




I wear the scars to show my shame

9.10.10

Saldo(s)


© christian defonte


Sobrevivi. O que não quer dizer que esteja sobrevivida.

8.10.10

Oh yeah?


© alyssa noches


Com que então a minha vida mudou hoje um bocadinho. Está bem, muito me contas.

Até a despedida do Dragão foi mais fácil de ultrapassar


© ruth swanson


Estes dois golos do Nani já quase me fizeram esquecer que o Meireles rapou o cabelo. Portugal só precisa de continuar a marcar para eu não me ir outra vez abaixo.

© elliott erwitt


Abanquemos.

6.10.10

Go Get Some Rosemary


design: Menina Limão


Grande vencedor do IndieLisboa'10, em exibição no Teatro Aveirense pela mão do Cineclube de Aveiro, na próxima segunda, 11 de Outubro, às 22h.

Blush




O momento do blush é aquele em que até uma mulher miserável sorri. A psiquiatria e a psicologia não o sabem, mas recomendam.

Gráfico

5.10.10

...

Não sei para que lado da noite me hei-de virar
onde esconder de ti o rio de fogo das lágrimas
quase a transbordar e acendo mais um cigarro
e falo atabalhoadamente de um futuro qualquer
e suspiro de alívio porque não ouves o que digo
ou se calhar também não sabes onde te esconderes
esperamos que se ilumine o lado certo da noite

...


Carlos Alberto Machado



© jackson eaton


[poema surripiado à lebre do coração]

Músicas muito manas




4.10.10

Oops, perdão, vou ser crucificada

A desvantagem de assistires a um concerto de Sei Miguel é que se, acidentalmente, deres um arroto, este ouve-se. A vantagem é que ninguém estranha.

Psychic Lemonade




la la la la la / la la la la la / la la la la la

[música mais psycho não há]

Só porque gosta de sexo anal, pensa que já me pode tratar por tu?

Olá,

Após analisarmos a tua situação, determinámos que violaste a nossa Declaração de Direitos e Responsabilidades. Tem em atenção que a nudez e outros conteúdos sexualmente explícitos não são permitidos no site. Além disso, não permitimos que os utilizadores enviem mensagens que sejam sexualmente sugestivas ou que outros utilizadores possam considerar incómodas. Não nos é possível reactivar a tua conta por nenhum motivo. Esta decisão é definitiva.

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Beatriz
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Querido Diário,


© jonathan waiter


O INEM veio visitar-nos. Foi atencioso, mas achei-o pouco simpático. Fiquei um bocado aborrecida. Acho que vou demorar algum tempo até chamá-lo outra vez.

3.10.10

2.10.10

Enjoy & Relax

É com orgulho que vos digo que fui expulsa do Facebook por causa desta pacífica foto. Mas está tudo controlado.