31.3.10
30.3.10
28.3.10
Through the looking glass
É tudo menos insignificante que uma eternidade depois tenha recuperado totalmente o meu apetite. Já como dois bifes ao almoço. Li mais livros desde Janeiro do que os que li num ano qualquer a contar desde os ultimamentes. Por estes dias, estropiei uma unha quando tentava, com um desespero convicto, eliminar a sujidade da vida. Exasperada com aqueles resíduos de pó nas concavidades do mundo, que raio, que cavalos são aqueles que fazem sombra nos móveis? Não admitindo uma derrota, ganhei umas unhas negras. Graças a Deus, o Diabo veste Prada e existem vernizes. E corta-unhas. Com que podemos cortar mais qualquer coisa.
Eu costumava olhar pelas janelas em busca de coisa nenhuma – a perfeita medida das minhas aspirações. Tinha vistas compridas para o lodo da ria, que brotava quando a superfície estalava. Agora busco não sei o quê olhando para dentro e, quando encontro o mesmo lodo, passo-lhe um filtro cor-de-rosa. Ainda não percebi qual é o meu problema. É tão grande, parece um gato obeso. Não se mexe, só engorda enquanto te olha displicente. Um psiquiatra somente te pode salvar na condição de te possuir logo ali na mesa do consultório; não sendo o caso, esquece, a salvação detém-na Nossa Senhora da Pila. Todos os conhecimentos técnicos empilhados de nada valem face ao défice de conhecimentos empíricos e estes não vêm especificados na ficha técnica do doutor. Arrogância minha acreditar que os não têm ou desacreditar que os têm, mas não será esta minha dúvida amplamente justificada? Explico-me: é um desperdício ler A Voz Humana sem ter vivido a ferro e fogo. À primeira leitura, a desilusão; à segunda, a intuição de que sairia em carne viva; assim foi, os anjos caíram e eu prostrei-me à indigestão. É esta a importância do conhecimento empírico.
2009 foi o ano da vida em suspenso. O que se passou foi o seguinte: Deus pôs-se a brincar com o Photoshop e passou-lhe um blur. Tudo desfocado e a history ali ao lado, obrigando-me a rever todos os passos. Preferi não o fazer. Esperei como uma desalmada e desalmada fiquei. Lembro-me de Agosto, quando a morte fingiu a fuga e depois veio para ficar. A espera tem desistência escrita na testa. Quem espera sempre alcança, só que não é a bonança, é a puta da loucura.
Há quem a bloguê nenhuma importância dê; não é o caso. Amparo a loja há três anos e em alturas críticas apetece-me descansar. Vou gerindo a desistência com a insistência neste lugar. Esta banquinha de limonada trouxe-me muitos curiosos – alguns ficaram na conversa, outros enganaram-me nos trocos. Trouxe-me pessoas que se especializaram em ser especiais até se tornarem divindades e reuniu-me com outras do meu passado longínquo que, mal me reconhecendo na rua, me reaprenderam aqui. E, por fim, trouxe-me trabalho, que, aliás, continua trazendo, deixando uma menina a modos que toda hot.
Fazendo um desenho: existir é muito difícil, mas desistir ainda é mais. Agora que fique bem claro que nunca vos escrevi de pijama. Não estou certa de que esta afirmação seja verdadeira, assim como não estou certa de que seja falsa e já comia um chocolate. Aos que chegam e se quedam e aos que desde sempre ficaram (e o tantíssimo que isso conta), o meu snif obrigada.
(E agora pára de chorar, p’lamordedeus, que o meu aniversário já passou de prazo – fiz 3 anos a 28 de Janeiro; por falar nisso, deste-me alguma prenda? Então limpa o nariz e vai comprá-la!)
27.3.10
Cenas nunca vistas: os meus filmes de 2009
26.3.10
Nunca ninguém se esqueceu do sinal no queixo
Pois é, mano Bieira, a minha dentista também disse, à frente da minha mãe, que eu tinha uma boa abertura de boca.
25.3.10
#3
A mania da grandeza
Da série «ouch é um eufemismo»
Colin Lorraine?
She looks at him. The noise from next door continues to build up.
Jesus. These walls must be paper thin.
Lorraine Maybe they’re just being loud. They usually are.
Colin Who are they?
Lorraine She’s the bleach blond with the thick ankles you were staring at in the bar.
Colin What about him?
A beat.
Lorraine He’s the one I was thinking about while you were fucking me.
A pause. Colin’s not sure how to deal with this.
In fact, he’s the one I always thought about while you were fucking me.
Colin absorbs this.
Colin It’s that pilot guy, isn’t it?
Lorraine It’s the guy who’s suppose to stop and tell her that he can’t go on ‘cos he can’t get me out of his mind.
The noise continues.
But he never does.
Hilary Fannin, Stephen Greenhorn, Abi Morgan, Mark Ravenhill, Sleeping Around, Paines Plough
24.3.10
Post patrocinado pela exaltação de uma russa a falar à minha beira*
eu sabia que 2010 estaria à altura das minhas altas expectativas
23.3.10
Músicas com gemidos #1
Já vos disse o quanto gosto de malucas? E de malucas que gemem? Pois é. Atentai, fuckers, o vídeo acima é exemplar, mas não vos esqueceis dos seguintes um, dois, que são os melhores e mais gemidos, mas impossíveis de incorporar. Depois voltem, para eu vos lembrar que o álbum de estreia dos Sleigh Bells agendado para 2010 vai ser produzido pela maluca da M.I.A. O mundo vai acabar.
Sofre meu pobre coraçãozinho
Alguém me explica que cartaz vem a ser este? É o primeiro cartaz banal da história dos TNSJ e TeCA desde que João Faria é o seu head designer. Não acredito que tenha sido ele o autor do mesmo e vou fazer de conta que não vi, rezando todas as noites junto à cama para que tudo regresse à genial normalidade.
Fish Tank
Pela boca morre o peixe, um desígnio comum ao peixe de água doce que Connor pesca e perfura goela abaixo e aos peixes de aquário, os habitantes de Fish Tank. É pela boca que ali se morre e ali morre-se muito. Se há talento transversal às personagens de Fish Tank é essa habilidade em fazer das palavras e dos corpos armas. O que se diz arremessa-se, joga-se fora, joga-se contra, joga-se dentro, e bem fundo. O corpo de Mia quando não fere outro, dança. O seu corpo é a sua arma e a sua defesa. E será o seu o mais ferido.
Vítima e agressora, inocente e culpada, heroína e o seu contrário. Ao fim de cinco minutos de filme, ela é efectivamente uma anti-heroína, mas Andrea Arnold obriga-nos a abandonar essa ideia tentando-nos com a sua redenção sem, no entanto, permitir que dela nos convençamos totalmente. Chegamos ao fim com os mesmos sentimentos contraditórios, entre a comoção e um dedo acusador. Mas como ninguém se salva, tudo bem.
ultra cool
22.3.10
Perfeito para acompanhar o post anterior
All my films hinge on the fantastic. I’m not a documentarian; a film is first and foremost a dream, and it’s absurd to copy life in an attempt to produce an exact re-creation of it. Transposition is more or less a reflex with me: I move from realism to fantasy without the spectator ever noticing. Jean-Pierre Melville
Citação retirada de Old Hollywood, a minha melhor contratação em 2009. À conta da qual aprendi que afinal Herzog nunca apontou uma arma a Klaus Kinski durante a rodagem de Aguirre: The Wrath of God:
He said: ‘No, I’m leaving now’. I told him I had a rifle and by the time he’d reach the next bend in the river there’d be 8 bullets in his head and the ninth one would be mine. And he had enough instinct to know that this wasn’t a joke anymore. (...)
e onde aprendi também que Faye Dunaway atirou uma caneca de mijo à cara de Polanski durante a rodagem de Chinatown:
(...) Then she threw a coffee-cup full of liquid in Roman’s face. He said, ‘You cunt, that’s piss!’ And she said, ‘Yes, you little putz,’ and rolled the window up. We were all speculating that maybe Jack peed in the cup for her. [Or maybe] she had a small bladder or something.
(Enfim, ali aprende-se muito todos os dias.)
Um Homem Singular
Vi A Single Man sem ter presente, em nenhum momento, que se tratava do filme de um estilista. Qual não é o meu espanto ao constatar depois, lendo textos sobre a obra, que nenhum crítico ou comentador resistira à psicanálise. É a diferença entre ter um olhar condicionado por informações prévias e ter um olhar livre e mais puro. Uma ideia que vai de encontro àquela que expressava Catarina e que eu citei, a propósito dos livros que lemos (líamos) de uma forma descomprometida, independentemente do nome do autor, da editora ou de outras informações análogas. No caso, é irrelevante: fosse o realizador unicamente um realizador e ninguém psicanalisaria as suas escolhas estéticas – ou não fosse intrinsecamente adequado à caracterização das personagens e de uma época e mesmo à qualidade de uma realização o cuidado com o décor, com o guarda-roupa e com o etc. Uma estética só é censurável se for oca – não é o caso. É certo que eu dei por mim a pensar que havia ali dois momentos Martini e pensei-o exactamente nestes termos. A diferença é que os enquadrei perfeitamente na ambiência do filme. Estamos perante um homem que, determinando aquele dia como o último da sua vida, tem uma vivência dessas horas entre o sub e o hiper-realista. Por amor de deus, ele observa sorrisos em close-up e estes tingem-se de cor. Eu não via brincadeiras fotográficas tão sérias no cinema desde as últimas brincadeiras fotográficas tão sérias no cinema. Mas afinal de contas, eu compreendo. Os tropeções no realismo são absolutamente condenáveis – estamos a falar de cinema, caramba! Bom, e é tudo. Bom não, muito bom.
17.3.10
14.3.10
Desenho cego #2
13.3.10
Apaixonada, levemente obcecada
Em meados de 2009 fiz uma exaustiva pesquisa sobre cinema mudo. A dada altura mudei de computador e fiquei sem nada, inclusive sem as referências aos lugares de pesquisa (eu saberia explicar como mas não me apetece). Com a posterior morte do computador, perdi outras matérias entretanto encontradas, essencialmente imagens. Parece haver uma conspiração contra os meus bem intencionados posts sobre cinema, mas nem penses - ó Diabo - que vencerás a parada tão facilmente: resistiremos.
12.3.10
Autobiografia emprestada #2
A cena macaca a que acabara de se submeter não lhe deixava dúvidas de que estava pra lá de Marraquexe, mas para ter a certeza teve imensa vontade de contar a história a alguém que lhe gritasse, «Mas tu enlouqueceste?», sem, no entanto, a julgar mais do que ela aguentaria.
Mónica Marques, Transa Atlântica, Quetzal
Desenho cego
Sou viciada nestes desenhos e os meus amigos e afins nada mais podem fazer do que me aturar. Alguns destes ficaram perdidos em guardanapos, outros encontram-se retidos no meu caderno. São esses que daqui em diante publicarei, numa nova, digamos, rubrica citrina.
© Menina Limão
11.3.10
a-ha!
10.3.10
9.3.10
agora que leio o post anterior a coisa ainda faz mais sentido
8.3.10
É verdade que hoje mais pessoas podem fazer-se passar por "inteligentes" ou "cultos" ou "evoluídos" apenas reproduzindo o que se diz noutro lado
Sabemos todos que ler é uma coisa muito valorizada, e se o fizermos ao som de uma brahmalhada qualquer ficamos automaticamente credores de um broche no intervalo do jogo. Esta coisa das páginas pessoais na internet, também conhecida pela palavra "blogues", despoletou uma crise de exibicionismo de gravidade universal, e, com o meu total acordo, não se devem poupar esforços para a espezinhar.
Mas entra a autoconsciência, e parece que um nível "superior" dela foi, em certos círculos, elevado à condição de pechibeque da moda. De repente, a contabilidade das pontes que fizemos para o mundo tornou-se assunto tabú, de mau gosto, como se a negação exterior do nosso historial cultural fosse essencial para um interpretação estética e eticamente aceitável, relegando a eventual inteligência do que se é dito para a condição de roupa interior: só quando nos conhecermos melhor.
(...)
Porque, de facto e sem querer baralhar-me muito, todos queremos o mesmo, ser reconhecidos, e, re-de-facto e baralhando-me definitivamente, a única maneira de alguém nos reconhecer na era da civilização (e assim) será através do que nós desejámos e desejamos. Deverá existir, não quero ser demasiado realista, quem queira o saber apenas para saber a matéria toda, mas isso é um comunista qualquer com óculos.
Têm o mesmo penteado
Mas esta não envergonha ninguém. A não ser que não controles a pulsão de dançar no meio da rua. Coisa que já foi mais fácil.
É po-lo a trabalhar
Rihanna apanha do namorado mas nem pensem que finge orgasmos, isso é que era bom. Perante tamanha vanguarda, quase me esqueço de que foi uma das milhares de vítimas de violência doméstica que deu ao agressor uma segunda oportunidade (de desancar mais). Como grande parte das tristes que se orgulham de fingir orgasmos (independentemente de o fazerem ou de apenas o alardearem) devem ter alguma vez ouvido esta música e gostado (eis um raciocínio perfeitamente insustentável e que eu me darei ao trabalho de manter), é com uma redobrada satisfação que a ouço, na esperança de que algum efeito surta. Não brinco. Como diriam os brasileiros: dá gozo ver. Como diria Fernando Pessoa: A tonhó é uma fingidora/ Finge tão completamente/ que chega a fingir que é prazer/ o nada que deveras sente. São seres fascinantes, as tonhós: capazes de reclamar o troco no supermercado, não levantam ondas na hora de espernear. Julgam-se mulheres emancipadas, quando na verdade perpetuam a lógica machista do prazer unilateral. É preciso fazer-lhes um desenho. Pascácias deste mundo, uni-vos! Ficar a chuchar no dedo não é o mais interessante que pode acontecer.
5.3.10
Este blog dá-me cá uma tusa*
Concordo, só uma atrasada mental postaria a Rihanna a seguir à Joanna anna anna eh eh eh, a Rihanna a seguir à Joanna, anna anna eh eh eh. É que eu às sex-tas-feiras transformo-me em preta e a tusa mundial explode.
la la la
(my own private) Go Long
(foda-se)
4.3.10
♥
É sabido que a beleza asfixia. Os olhos não sabem dizer se é de tristeza ou de comoção serena que se banham de lágrimas, de tantas vezes aguados por uma simples inflexão de voz, o gemido de um instrumento ou outros detalhes indecifráveis. Mas se em incontáveis ocasiões não são precisas palavras, é também por causa delas que trememos:
Já ninguém lhe tira o pódio. Have One On Me é o meu álbum de 2010.
New pics on the block
Loser
© Christian Defonte
Esta noite sonhei que mandava a bela da foda com o Cristiano Ronaldo. Pensamento matinal: «suicido-me já ou faço um post primeiro?» e então cá estamos. A verdade é que fui logo tomar um banho, durante o qual reflecti sobre os perigos de albergar hormonas não suficientemente controladas. Francamente, uma pessoa toma a pílula para acalmar as bichas e percebe que não está protegida de acidentes graves. Já no carro, liguei o rádio e julguei que morria de choro implosivo ao ouvir Chris Isaak cantar «what a wicked thing to do, to make me dream of you» - segundo pensamento suicida do dia. Até que, num exercício masoquista, iniciei novo e doloroso processo reflexivo com vista a descortinar uma lógica satisfatória neste maquiavélico sonho e cheguei à seguinte conclusão: fui eu que corri o tempo todo e fui eu que fiz as fintas para que ele festejasse o golo sem demoras. Rematou com um «sou muito eficaz» e um sorriso de contentamento. Viva o Cristi, sempre a facturar. Infelizmente, no caso, a equipa perdeu.
3.3.10
Faz-me Um Bídeo
Shit happens
Preferia não o fazer
© Menina Limão
Já não pensava que acontecesse, mas não há que enganar: também eu sou uma sentimental de merda. Cheguei à minha casa de sempre, não mais minha, e desatei a chorar. Depois ataquei o cheesecake do Pimenta Rosa. Inconsolável, atirei-me a um bilhete do Fantasporto, revelei um rolo, comprei outro e resgatei o Bartleby da livraria. Tudo isto porque, enfim, preferia não o fazer.
2.3.10
Perry quê?
Perry Blake - This time it's goodbye
Perry Blake - You 're not alone
Perry Blake - Genevieve
As duas primeiras faixas, por terem um esqueleto a piano muito óbvio, chega para ficarmos conversados. A última é um bónus.
Tattoos of ships and tattoos of tears
Não gosto de tatuagens, mas se fizesse uma, escolheria marcar na pele algo que, de qualquer forma, já lá está: eid ma clack shaw, o verso que tudo condensa.
(E na minha campa: I used to be darker, then I got lighter, then I got dark again.)
I dreamed it was a dream that you were gone
Com dedicatória(s)
Menininha Limão
As mudanças de casa desencadeiam simultaneamente despedidas e reencontros. As primeiras são documentadas, os segundos dão-se porque a documentação já existe sem que a recordemos, de tão perdidamente encafuada e remetida a uma gaveta. Neste andamento (em dó maior), recuperei algumas pastas de recortes da minha adolescência, início de juventude, tempo em que eu agrafava e empilhava, com dedicação, registos e fragmentos do mundo. Crónicas da Adília Lopes numa altura em que eu não sabia quem era a Adília Lopes, porque eu lembro-me de quando soube quem era a Adília Lopes; tiras do Calvin & Hobbes; receitas de culinária – uma surpresa, para quem se tinha como alguém que sempre detestara cozinhar, e uma prova de que nos vamos falsificando através de uma memória plástica e fácil de impressionar; crónicas de José Eduardo Agualusa, que entretanto deixei de ler sem motivo que o justifique; todos os postais de exposições a que ia, porque eu ia a todas as exposições; uma publicação do Bloco de Esquerda, quando quase todos os meus amigos eram militantes do Bloco de Esquerda, padrão em relação ao qual sempre mantive alguma reserva; inúmeras reportagens e entrevistas; perfis de pintores e outros artistas; críticas jornalísticas de espectáculos a que assistira; uma recensão crítica a um livro do Julian Barnes pela Ana Cristina Leonardo numa altura em que eu não sabia quem era a Ana Cristina Leonardo; poemas de Manuel Alegre (continuo indecisa); em suma, a prova diante dos meus olhos de que era necessariamente uma pessoa diferente quem com tamanha dedicação recortava pedaços do mundo dos outros, fazendo-o seu. Há nesta exaustiva recolha de informação uma urgência em fixar o mundo, própria de quem ainda reserva para si alguma inocência. Gosto desta pessoa que se desfila nas minhas mãos, não fui capaz de a deitar fora. Guardarei os arquivos mortos com a convicção de que a sua distância ao momento presente é o que os torna essenciais à revisitação da memória. Porque nós também precisamos dos artefactos para nos lembrarmos de quem fomos.