28.1.10

3 anos bem espremidos

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© natalie dee


Não sei se diga que esta bodega faz hoje 3 anos e que quase me esquecia da efeméride por culpa do trabalho ou se diga que esta bodega faz 3 anos no dia em que morreu Salinger, que escreveu assim:

Se realmente estão interessados nisto, a primeira coisa que desejarão saber é o local onde nasci, o modo como passei a minha estúpida infância, a ocupação de meus pais, o que faziam antes de eu nascer, e tudo o mais, como se se tratasse de David Copperfield. Mas eu não estou com disposição para isso, se, de facto, querem que vos conte a verdade.

Credo, que voilà. Se realmente estão interessados nisto, a primeira coisa que desejarão saber é qual o sentimento que pontua este aniversário e que balanço faço eu destes estúpidos* 3 anos. Mas eu não estou com vida para isso, se, de facto, querem que vos conte a verdade.


*3 estúpidos anos lindos, como esta estúpida aqui abaixo:

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27.1.10

humpf


The Killing, Stanley Kubrick, 1956

Have one on me




A deusa ninfa musa rainha mulher da minha vida vai lançar um álbum triplo em Fevereiro. 2010 continua a cumprir-se um ano de sentimentos contraditórios intensos - que é como as almas torcidas como a minha mais apreciam.

26.1.10

So, I want you to get up now




A mim, ao Pedro., à Joana, à Rita, ao Zé, ao João, ao e., à Inês, à Ana, ao V (de volta).

Da escribatura

Aos 13 anos, tentei escrever um romance. Não te rias já, carambas. Ri-te agora: entrava a matar com o sentido da vida. Ao fim de 20 páginas, lá devo ter achado que o sentido da vida não era aquele e fui alapar-me para o sofá, que era o que eu fazia melhor.

eternal sunshine


© anna kieblesz


É impressão minha ou diz ali «vive»? Dirás que é impressão minha, que na verdade diz «vivi», mas eu insisto na primeira tese. Repara: é uma mensagem luminosa, não pode estar conjugada no passado.

25.1.10

Depois dos exercícios matinais, a dura realidade: é em vão que os faço, estou velha e acabada


Dois adolescentes esperaram do outro lado da rua que eu passasse detrás de um carro e assomasse de corpo inteiro para depois se desatarem a rir, aposto que das minhas botas amarelas, exclamando «Eh pá, não é nada boa! ahahaha!». Dois minutos depois, na mesma rua, sou assediada por um trolha que me chama «gira». Deus tem sentido de humor - eu é que, de manhãzinha, nem por isso. Estes adolescentes de hoje em dia, pfiu, não têm gostinho nenhum.

24.1.10

aspas itálico

«Sempre e para sempre a mesma coisa, sempre estes dias e estas noites intermináveis. Se ao menos isso acontecesse mais depressa. Mais depressa o quê? A morte, as trevas. Não, não. Tudo menos a morte!»

Lev Tolstoi, A Morte de Ivan Ilitch, Leya

É domingo



(I'm not sleepy and there is no place I'm going to. O sol raiava, mas saindo à rua, pura ilusão, continuava frio.)

23.1.10

It's only you that I'm losing/ Guess I'm doing fine

É irónico que nunca tenha ouvido Sea Change, do Beck. Porque (...) e porque (...). Sabes?

Your sorry eyes, they cut through bone
They make it hard to leave you alone

22.1.10

Romance

frente



verso



frente



verso



frente



verso




Fotogramas (com péssima resolução) de Os Encontros de Paris (1995), de Eric Rohmer.

(Sobre)viver para contá-lo




Vi um Rohmer e fiquei um pouco franganita. Esfrangalhada. Galinha assada.

21.1.10

(Bolsas americanas fecham em alta) previsibilidade

Avatar, o filme que a Disney rejeitou.

Uns Belos Rapazes

Não, não saí do Cineclube de Aveiro. Não, não deixei de fazer um cartaz por semana. Não, o Cineclube não continua no Cinema Oita. Sim, o Cineclube passou a exibir no Teatro Aveirense. Sim, agora as sessões são sempre às segundas-feiras, às 22h. E, sim, continuamos todos hiper mega super, esperando continuar a contar com suas excelências hiper mega super.

Em exibição no Cineclube de Aveiro (no Teatro Aveirense), a 25 de Janeiro, Uns Belos Rapazes, de Riad Sattouf.


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design do cartaz: Menina Limão.

20.1.10

Toca a animar


Dessa - Dixon's Girl

True story

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o séc.XXI e o bê-á-bá



Este post é dedicado ao deprimente panorama do design editorial português*.


*com as devidas excepções, pouquinhas.

Náusea


© learn something every day


Ainda bem que passo os meus dias sozinha, caso contrário passaria os meus dias a azucrinar o juízo alheio. Bom dia, sodomia. São três da tarde e isto já deu o que tinha a dar.

18.1.10

design fresquinho

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© Menina Limão [logotipo do ciclo + cartaz]


«O CORPO INCOMPLETO – Reflexões Contemporâneas sobre o Corpo, é um ciclo de iniciativas multidisciplinares, reunindo criações literárias e performativas, que procuram reflectir sobre o corpo, um tema central da criação contemporânea. Desenvolvendo-se em duas fases, inicia-se por uma OFICINA DE ESCRITA CRIATIVA em Fevereiro, orientada pelo poeta Jorge Melícias, de onde surgirá um texto colectivo a partir do tema do ciclo. Esse mesmo texto será depois a base para duas criações performativas, uma na área da dança, outra na área do teatro, que serão apresentadas na mesma noite de Maio.
As inscrições para a oficina decorrem até dia 03 de Fevereiro.»

+ info e download da ficha de inscrição no blog e no site do Performas.


programador do ciclo PEDRO JORDÃO direcção artística e pedagógica da oficina JORGE MELÍCIAS produção ESTÚDIO PERFORMAS design MENINA LIMÃO
Yesterday I woke up sucking a lemon. Canta Thom Yorke o hino do dia seguinte.

Two shots of happy, one shot of sad

Já ninguém me tira o bilhete para Bill Callahan no Festival Para Gente Sentada.

15.1.10

14.1.10

«A ansiedade infantil perante o mamilo.

Uma das marcas da juvenília contemplativa revela-se no modo como alguns homens fitam, em indecorosa falta de pejo, as pistas das mamas precariamente refugiadas sob tecido veranil. Deve ser desagradável manter conversa com alguém que privilegiadamente entabula diálogo visual com as mamas. Por outro lado, o não olhar de todo é uma falta de educação: sobretudo se o top for giro. Penso que o acordo social que vigora nos remete para estes termos: importa fingir indiferença ao corpóreo* de tal modo que, olhando fixamente nos olhos da "senhora das mamas", se perceba que essa fixação continuada não se faz sem um certo desvio do olhar. Ou melhor, importa que se perceba que os olhos são centro nobre e subjectivo de um sistema comunicacional que disputa com os mamilos, os seus mais notáveis epicentros.

*Corpóreo aqui recebe um sentido de carnal, numa oposição que recolhe da inventada não corporalidade dos olhos, porque tidos como espelho da alma.»


Assim falou Brunette Senette Martinica, em Avatares de um Desejo, um blog com mamas.

_

Juvenília contemplativa até à morte, eis o lema que vigora. Pude comprová-la convictamente presente num senhor que em momento algum da nossa conversa despegou os olhos das minhas bolas de stress. No fundo, ele conversou 2 minutos com elas - eu fui uma mera intermediária.

2009

My boy builds coffins, he makes them all day
But it's not just for work and it isn't for play
He's made one for himself
One for me too
One of these days he'll make one for you

Florence And The Machine, My Boy Builds Coffins

Hang them all, Jay

Morreu o homem - o jovem - que fez de uma música rock uma valsa.

13.1.10

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© eduardo b.


Menina Limão, o lado colorido de Eduardo B.

Edipiana

Édipo é um temperamento violento e irritável, irredutível, que, sob a acção de cólera ou do desespero, profere palavras terríveis e impensadas – decerto! –: mas por isso teremos de distinguir entre os actos e afirmações feitos no pleno domínio de si ou feitos sob o ardor da paixão.
(…)
Como todos os temperamentos impulsivos e generosos, Édipo é mais permeável a argumentos de ordem afectiva, vindos sobretudo de pessoas que estima.
(…)
O herói de sentimentos tão violentos que deixa partir Creonte com a promessa terrível do seu ódio é o homem também capaz de amar profundamente. Uma e outra face são, como já vimos, a expressão simétrica da sua capacidade imensa de sentir, até ao esquecimento de si próprio.

Maria do Céu Zambujo Fialho, na introdução a Rei Édipo, de Sófocles, que traduziu para as edições 70

12.1.10

Aviso à comunidade

Não raras vezes publico textos já escritos há meses, por vezes já escritos há anos - sou um misto de programática, desorganizada e impetuosa auto-censurada. Serve (?) o aviso para vos desencorajar a tentar, a partir deles, descortinar a minha vida.

Lado b




Ela vai espremer-te como um limão e usar-te como uma caixa de Kleenex.

Fellini 8 ½




Quando Fellini dá voz a todas as suas mulheres em Fellini 8 ½, entre as suas revoltas, mágoas e folias, ouve-se da boca de uma: deixam-nos como a limões espremidos! Eles, os homens vampiros. Os mesmos que retorcem e sugam o outro até dele restar apenas a carcaça, uma coisa inútil e apodrecida.

11.1.10

My love, my way

Aquele que ao outro tudo permite, um tirano admite.

O Deus das Moscas


O Deus das Moscas é um tipo abastado no vocabulário. A sua riqueza invejável é daquelas que não trava a aceleração de partículas, ou seja, não só não dificulta a passagem como ainda a torna deliciosamente musical. A conclusão mais admirável a que cheguei, ao assinalar algumas das palavras desconhecidas, foi a de que não era só eu que as desconhecia: o dicionário* também.


Algumas palavras orfãs:
miefe, arrostolhado, avagalhoar, refunfunar.


A musicalidade:
Espargir
Esborcinada
Restolhar
Tremulina (da caloraça)
Pletórico
Marrafa
Sangradura
Estralar/estralejar
Desarrazoada
Esfacelar
Cinéreo/cinerício
Afestoar
Esmoucar/esboucelar
Esparvar
Álacre
Bácoro
Tropicada
Acrimónia
Açafate
Matorral
Prelado
Errabundo
Safardana
Esbofado
Rojar
Ocelado
Upar
Confutador
Conicina
Ciclamor
Ciclorama
Iriado
Reboar
Aguilhoar
Lobrigar
Acoitar
Obnubilar
Emparvecer/emparvoar


*Dicionário de Língua Portuguesa, Porto Editora, Porto, 1999, 8ª edição revista e actualizada

Google #2

«menina limao design gaja gira» - alguém veio em defesa da minha honra. Obrigada pela gargalhada.

#2




Que foi o que Luís Januário e André Bonirre fizeram. Eis então que surge, de visual completamente renovado, A Natureza do Mal. Que luxo, hein? Estou cheia de sorte. Só espero que os senhores proprietários também.


(Recordo que desenhei também o Lei Seca do Pedro Mexia e que sou espectacular.)

Google

«menina merda limao blogspot», a melhor pesquisa de sempre.

10.1.10

18 segundos inesquecíveis



(surripiados às cachopas.)

© mate ugrin


Conhecer mundos e fundos.

HEY PANILAS! woooooooooooo hoooooooooooooooo!

Onde é que é a próxima festa?

8.1.10

7.1.10

Sou muito macho

Não tenho a mínima pachorra para comprar roupa e fico doente só de entrar numa loja.

Busted



Keaton or Chaplin? Keaton. Porque nunca sorriu no ecrã (e só o tentou uma vez).

Beach House, «Teen Dream»

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Ou aquele que *já é* um dos dez melhores álbuns de 2010.

6.1.10

Não passas de uma maluquinha masoquista xexé

Consegui terminar o Hamlet a tempo de inaugurar o novo ano com poesia, em vez de o fazer perpetuando a tragédia. Mas depressa me vi nela enredada, porque sem pensar duas vezes desafiei o Rei Édipo à alvorada e não tardou que ouvisse 2010 suspirar da sua pouca sorte.

Never forget

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Who Are You, Polly Maggoo?, William Klein, 1966 (via)

Tease tease tease

Para a semana, este blog terá animação.

Springtime can kill you

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© Dawid Wladyslaw Cyprian


O seu coração não é a pilhas, é a energia solar. À venda numa loja de peças usadas, colocado na secção dos artigos com defeito, continua por comprar. Adiado por ninguém querer um coração que demora a aquecer.

No novo ano

In The New Year é toda uma violência que será e não será boa ideia entoar. Porquê? Porque vive de duas ideias que simultaneamente se alimentam e se anulam, como se duas narrativas antagónicas aglutinasse, ou como se quatro minutos contivessem um ano inteiro, com princípio (...) e fim.


1.
I know that it’s true
It’s gonna be a good year
Out of the darkness
And into the fire
I’ll tell you I love you
And my heart's in the strangest place
That’s how it started
And that’s how it ends

(...)

2.
So it’s all over
It’s all over, anyhow
You took our sweet time
And finally I opened my eyes
My friends and my family
They are asking of me
How long will you ramble
How long will you still repeat


É a melhor síntese possível de 2009. Mas eu, teimosamente, ensaio os mesmos versos no início de 2010, fingindo que apenas lhes conheço a primeira estrofe - gritando com o Hamilton que sim, vai ser um bom ano.

4.1.10

Se apaga la ciudad

Não dissocio a Lhasa da minha história pessoal; acima de tudo não a dissocio dos começos, quando o que aqui me traz é o seu fim. Triste e irónico, como aquele seu título: para el fin del mundo o el año nuevo. Ou como quando, de cara a la pared, ela cantava:

Llorando
de cara a la pared
se apaga la ciudad

(...)
muero quizas
Donde estás?

The first rule of Fight Club is


© Frederick Guerrero


© Frederick Guerrero

Porquê? mas porquê?

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© Frederick Guerrero

Um dia saí da Bertrand com as Metamorfoses de Ovídio debaixo do braço por engano. Sem pagar, portanto. E da mesma forma que saí da loja sem o alarme apitar, voltei a entrar em segurança para repor o livro. Uma vez de novo cá fora fui comprar o jantar e dedicar-me à filosofia. Intrigava-me sobretudo o sentido da minha natureza tonhó.
Aracne, de António Franco Alexandre, um livro perfeito.

2.1.10

Esse teu mundo, de que te orgulhas tanto,
não sei se tem a paz do ramo seco
onde a lagarta faz o seu casulo.
O corpo, é certo, «todo de olhos feito»,
é o mais belo e mais sensível fruto
da natureza, e a todos causa espanto;
e tens, dentro do crânio, um arbusto pensante,
prodígio de design e invenção,
com que às vezes tu pensas, outras não.
E a tua voz, concedo, tem
do mel toda a doçura, e o veneno,
e não a alcança o chão cantar do grilo,
nem o silvo vulgar de aves volantes.
Mas vejo como o escondes, esse corpo,
e o julgas precioso e permanente,
e como perde o brilho com a idade,
e se desfaz em nada, de repente;
como o mutilas, em silêncio e medo
e recusas, e tratos, e contratos,
e assim de dia a dia te transformas
em fumo fátuo sem calor nem chama.
Não assim nós. A vã formiga, mesmo,
carregando penedos e montanhas,
é mais forte que tu, e mais discreta,
e o cru automatismo que vês nela
é só mudo louvor da natureza. E tu,
da tua voz, a doce, o que fizeste?
Que lâminas e pregos lhe puseste;
de que arame farpado a rodeaste? Enquanto
calados, nós, não nos mentimos tanto.
Não que sejamos santos; também eu,
o mais sábio de todos os insectos
(aracnídeo seria mais correcto;
faço-me aqui servir do que me excede),
asceta, anacoreta, e confessado adepto
de rigorosa dieta vegetal
por respeito da vida no universo,
às vezes, numa raiva de apetite,
lanço os meus fios de caça, e apanho
algum bicho menor, algum mosquito,
a consumir, de preferência, em verso.
Mas vê: está vazio o casulo, aberto
por uma ponta, em círculo perfeito,
e da lagarta só ficou um resto
de pele morta, branca como a tua;
vem tu, humano, transformar-te em ave,
sem temor nem cautela, e em silêncio;
já a conversa fez que me escapasse
o voo inaugural da borboleta.


António Franco Alexandre, Aracne, Assírio e Alvim