31.10.08

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30.10.08

Do outro lado, a vista

Terminava o filme Do Outro Lado e Nejat Aksu esperava diante do mar que um outro assomasse. Lembrei-me então daquela vez em que cheguei atrasada ao encontro marcado e em que fui encontrá-la assim, pacientemente à minha espera diante do rio.


© Menina Limão

Do Outro Lado + Inventário de Natal




Do Outro Lado é mais um filme que constará da minha lista de melhores do ano.
Inventário de Natal é uma curta-metragem de Miguel Gomes, o mesmo que realizou Aquele Querido Mês de Agosto, que muito provavelmente também constará da lista. Uma sessão imperdível, garanto-vos.

Em exibição no Cineclube de Aveiro/Cinema Oita de 30 de Outubro a 3 de Novembro.

29.10.08

Odeio o Inverno

Jason Pegg concorda e sintetiza na perfeição:


The last thing you're expecting when you're looking for a window
Is to see it look so gray
(…)
And I wonder if the snow will settle on the ground this year
I wonder whether losing you was such a good idea

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28.10.08

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© Dan Goodsell

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bloody comes clean

Enquanto limpava o pó do meu quarto (é aqui que as pessoas que já moraram comigo aplaudem boquiabertas), decidi-me a ouvir velharias. Peguei no Loveless dos My Bloody Valentine e pensei é a última oportunidade que vos dou. E de repente aquilo soou-me mais que bem. Ao fim de uma audição, estava a fazer repeat. Porquê agora, se já tentara ouvir antes sem nunca ter percebido o fascínio? É inexplicável. Caso para dizer: limpei o pó do quarto e limpei essa mancha do meu currículo (e é aqui que quase toda a gente aplaude boquiaberta).

27.10.08

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24.10.08

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22.10.08

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21.10.08

I will go so far for beauty

Jonquil — Lions ♫
Jonquil — Whistle Low ♫


Jonquil - Part1 | A Take Away Show por lablogotheque


Há meses que me emociono em loop com esta música, Lions. É a mais especial de todas.
Já antevejo a festa e a catarse no auditório mais acolhedor que conheço.

Esta Quinta 23, às 22h30 no Mercado Negro (Aveiro)
(Na ZDB, dia 25)

20.10.08

Por um fio


© Menina Limão 

na geometria amorosa os triângulos nunca são equiláteros. 

Mon Rivette



Fui a Serralves ver La Religieuse, de Jacques Rivette. Não sabia que não era legendado e eu de francês pesco pouco mais que nada. Ver um filme sem entender a narrativa principal, faz-nos estar atentos a todas as outras narrativas. Dediquei-me, por exemplo, à das mãos de Anna Karina. Absorvida por todos os elementos visuais, da interpretação das personagens, à composição dos cenários, à movimentação das câmaras, fui observando como as mãos das freiras, regra geral, se escondiam nas mangas e como as de Suzanne (A. Karina) se evidenciavam muito mais. Fui registando como se fechavam, como se entrelaçavam numa reza, como a unha do polegar se cravava no dedo indicador enquanto o rosto atormentado se exprimia em dor e revolta. Fiquei especialmente contente com o facto de ter compreendido o diálogo entre Suzanne e a freira lésbica, acerca do efeito da presença dos homens sobre a primeira – mas o resto foi-me escapando com frequência. Espero um dia poder confrontar o produto da minha imaginação com a realidade do filme, mas até lá La Religieuse não pode ser senão my own private Rivette.

(Bónus: à saída da sala, dei de caras com Manoel de Oliveira e seu inseparável chapéu – escassos centímetros nos separavam. Apeteceu-me dar-lhe um abracinho, a si e aos seus iminentes 100 anos, mas resignei-me a uma vénia mental e a um sorriso para o ar. Que visão do caraças.)

18.10.08

Werther

"É, porém, de justiça dizer-te que Alberto é um homem tão sério que ainda nem uma única vez beijou Carlota na minha presença. Deus lho pague! Só pelo recato que tem para com ela devo-lhe toda a minha estima. Mostra-se meu amigo, mas suponho que essa amizade é devida mais à influência de Carlota do que ao seu próprio sentimento. Para essas coisas são habilíssimas as mulheres… e não é sem razão. Podendo manter a harmonia entre dois rivais, a vantagem é toda para elas: raras vezes, porém, o conseguem.
Francamente, eu não posso recusar a Alberto a minha estima. A sua serenidade oferece um frisante contraste com o meu género irrequieto, que não me é possível dissimular.
(…)
Não quero averiguar se já alguma vez a terá apoquentado com arrufos de ciúme; eu, no seu caso, não estaria muito descansado…Não fosse o demónio…
Seja, porém, como for, a felicidade de que eu gozava quando me via junto de Carlota desapareceu.


Que nome darei a isto? Loucura ou cegueira? Mas afinal que importa o nome? O facto existe!
Antes da chegada de Alberto, já eu sabia o que sei agora, sabia que não podia ter ideias nela, e nenhumas tive…se é possível não as ter na presença de tantos atractivos. E agora – pobre insensato! – abro uns olhos muito espantados, porque chega um outro e ma rouba!
Rangem-me os dentes e indigno-me furiosamente contra os que me aconselham resignação, visto que o mal já não tem remédio. – Para longe espantalhos!
Percorro as matas e, quando chego a casa de Carlota e Alberto está junto dela, sentado debaixo do caramanchão, podes calcular como fico… doido! Não me contenho! Não há disparate que não pratique! É exuberância essa loucura!
– Pelo amor de Deus! – disse-me ela hoje. – Não torne a fazer cenas como as de ontem à noite! O senhor é terrível quando está assim tão contente.
Aqui para nós, eu ando continuamente a espreitar quando Alberto tem afazeres fora de casa; e, quando isso acontece, em dois pulos estou ao pé de Carlota. Só eu sei como fico quando a encontro só."


Werther, Goethe

16.10.08

il ragazzo

Em Fellini, fascina-me não só o eterno retorno à infância, como também – e mais ainda – o modo como nele se dá esse retorno. Aquilo que a câmara captura parece ampliado, caricaturado, exagerado. Fellini parece filmar uma cena de infância segundo a visão exacta e intacta da própria criança e não segundo o adulto que a recorda e que inevitavelmente a transforma, com a sua sensatez e parca imaginação, numa história plausível.

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O Segredo de um Cuscuz



Em exibição no Cineclube de Aveiro/Cinema Oita de 16 a 20 de Outubro.

14.10.08

Um clássico familiar

Menina Limãozinha muito descontente.

Mefisto-Mefez, volume IV

Toldada pelo ciúme, dizia-lhe: só podes ser mau para mim! Devo ser eu a tua única cobaia! O desejo de exclusividade não conhece sensatez, como tudo o que projectamos no universo dos monstros.

O homem sem qualidades

Em conversa, disse-lhe: namorei imenso o homem sem qualidades. Referia-me ao livro do Musil visto a preço de feira no Mercado Ferreira Borges, mas.

13.10.08

Frases feitas com títulos e contudo





A mim também ninguém me perguntou nada, mas vi algo semelhante no blog do meu bicho do mato, que por sua vez o viu no Bibliotecário de Babel e resolvi imitar a imitação. Não faço link para a minha amiga, porque ela é capaz de andar de pijama e chinelos. Não faço link para o BB porque seria desequilibrado — assim ficam em pé de igualdade.

Portanto, estes são os últimos livros em que peguei — ou que comprei, ou que li, ou que me foram devolvidos, ou que me foram emprestados (um).


Lunar Caustic, Malcolm Lowry
Teatro Completo, Sarah Kane
Cartas a Um Jovem Poeta, Rainer Maria Rilke
A Casa da Morte Certa, Albert Cossery
As Minhas Propriedades, Henri Michaux
Da Certeza, Ludwig Wittgenstein
Maina Mendes, Maria Velho da Costa
Fragmentos de Um Discurso Amoroso, Roland Barthes
Strangeland, Tracey Emin
Geração X, Douglas Coupland


E como já tinha este post preparado ontem e entretanto comprei mais livros, aqui fica um acréscimo decorrente da minha incursão à feira do livro do Mercado Ferreira Borges.





Três Irmãs, Anton Tchékhov
Uma Rapariga Simples, Arthur Miller
A Teoria e o Cão/Os Caminhos que Tomamos, O. Henry
Anatol, Arthur Schnitzler
Curta Viagem Sentimental, Italo Svevo
Mal por Mal, e Outros Contos, F. Scott Fitzgerald
O Tempo Aprazado, Ingeborg Bachmann
O Animal Moribundo, Philip Roth

Uma Migalha na Saia do Universo, Antologia da Poesia Neerlandesa do Século Vinte

Irmãos


© Menina Limão

11.10.08

boa noite. bom fim-de-semana.

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Ned Rifle - End Credits

10.10.08

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Pantaleimon (capa)

Apesar de saber-se atraída, reprimiu o desejo de lhe tocar. Pressentindo uma nebulosidade danosa, insistiu no olhar, esperando obter uma visão clara. Desenhou com os seus próprios olhos um traço imaginário e percebeu que da divisão do semblante em dois resultava uma dualidade moral: testa, olhos, nariz – metade acolhedora; boca, queixo, barba – metade temível. Os dentes a entrever-se nos lábios quase inexistentes chamavam à trama uma densidade animal e perigosa – todos eles caninos. Dali, saía-se mordido. Sem salvação, sem amortecimento, sem retorno e, do contorno, a marca.

7.10.08

Na mesa do lado do Mercado Negro, agora mesmo:

– Tenho um colega que acredita que numa vida passada foi um cão. Então, quando está muito irritado, põe-se a ladrar.
– A sério?
– Juro-te.
– Olha, mas tens de lhe explicar que isso não é possível. Os cães não reencarnam em humanos. Humanos reencarnam em humanos, cães em cães, não há misturas. Devias mesmo explicar-lhe. A sério que ele ladra? Coitado.

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Comovente, Mister D. Diria mesmo: perfeito.

6.10.08

entrega ao domicílio, ou como distribuir o mal pelas aldeias

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© Menina Limão



As fotos mostram exemplares das agendas culturais do Mercado Negro, do mês de Maio, com a Scout Niblett, e de Junho, com a Diane Cluck, que, como se sabe ou devia saber, são obra de design da Menina Limão (que gosta de falar de si na terceira pessoa - é o seu toque jornalista). São as sobras e estão aí para oferta, porque faço questão de distribuir o mal pelas aldeias. Quem quer o mal, quem quer?


Prometo envelopes personalizados, mas não cumprirei. Também prometo enviar as prendas para as moradas que me indicarem e não para a dos vossos tios-avós e esta promessa cumprirei, até porque não sei as moradas dos vossos tios-avós e nem toda a gente os terá. O meu mail está à disposição: meninalimao[at]gmail.com - abusem.

5.10.08

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Depois do fim da crença: estamos em baixo, mas não há ninguém em cima.

Gonçalo M. Tavares, numa crónica na visão durante o mês de agosto, no Apeloeh.

4.10.08

Preparação para o Outono (*)

3 Out
A Ronda da Noite, de Peter Greenaway, TCA
Othon, de Straub & Huillet, Serralves


4 Out
Luz Silenciosa, de Carlos Reygadas, TCA


5 Out
Persona, encenação d’As Boas Raparigas, Estúdio Zero


6 Out
O Meu Caso, Manoel de Oliveira, Serralves


7 Out
Os Canibais, Manoel de Oliveira, Serralves


8 Out
Non ou a Vã Glória de Mandar, de Manoel de Oiliveira, Serralves


9 Out
O Sentimento, de Luchino Visconti, TCA
Josephine Foster, concerto no Mercado Negro (Aveiro)


10 Out
A Divina Comédia, de Manoel de Oliveira, Serralves


11 Out
O Rio do Ouro, de Paulo Rocha, Serralves


12 Out
Persifal, de Hans-Jürgen Syberberg, Serralves
A Canção de Lisboa, de Cottinelli Telmo, Serralves
Amarcord, de Fellini, TCA


13 Out
Fellini 8 e ½, de Fellini, TCA
A Caixa, de Manoel de Oliveira, Serralves


14 Out
Decameron, de Pasolini, TCA
O Convento, de Manoel de Oliveira, Serralves


15 Out
Contos de Canterbury, de Pasolini, de TCA
Party, de Manoel de Oliveira, Serralves


16 Out
As Mil e Uma Noites, de Pasolini, TCA
Paul Metzger, concerto no Mercado Negro (Aveiro)


17 Out
Blow Up, de Antonioni, TCA


18 Out
Conversa Acabada, de João Botelho, Serralves
Inquietude, de Manoel de Oliveira, Serralves


19 Out
O Último Tango em Paris, de Bertolucci, TCA
A Freira, de Jacques Rivette, Serralves


20 Out
O Monstro, de Benigni, TCA
Palavra e Utopia, de Manoel de Oliveira, Serralves


21 Out
Abril, de Nani Moretti, TCA


22 Out
Apaixonadas, de Tonino di Bernardi, TCA
Bord de Mer, de Julie Lopes-Curval, Cinemas Cidade do Porto (CCP)


23 Out
Respiro, de Emanuele Crialese, TCA
Jonquil, concerto no Mercado Negro (Aveiro. Yes! Yes! Yes! Yes!)


24 Out
A Janela em Frente, de Ferzan Ozpetek, TCA
Survivre Avec Les Loups (com música de Emilie Simon), CCP
Chrysalis, de Julien Leclercq, CCP
Deux Jours à Tuer, de Jean Becker, CCP


25 Out
A Melhor Juventude (parte I), de Marco Tullio Giordana, TCA
Le Tueur, de Cédric Anger, CCP
Délice Paloma, de Nadir Moknècle, CCP
Faut Que Ça Danse!, de Noémie Lvovsky, CCP (vou?/não vou?)
Les Fils de L’Épicier, de Eric Guirado, CCP (confusão no programa – dia 25 ou dia 26?)



26 Out
A Melhor Juventude (parte II), de Marco Tullio Giordana, TCA
Les Fils de L’Épicier, de Eric Guirado, CCP (confusão no programa – dia 25 ou dia 26?)
Toi & Moi, de Julie Lopes-Curval, CCP
Le Primer Cri, de Gilles Maistre, CCP
Valse Avec Bachir, de Ari Folman, CCP


27 Out
Cantando Por Detrás das Cortinas, de Ermanno Olmi, TCA


28 Out
Bom dia, Noite, de Marco Bellocchio, TCA
Et Une Poignée de Mains Amies, de Jean Rouch & Manoel de Oliveira, Serralves


29 Out
O Odor do Sangue, de Mário Martone, TCA
Vou Para Casa, de Manoel de Oliveira, Serralves


30 Out
O Princípio da Incerteza, de Manoel de Oliveira, Serralves


1 Nov
Um Filme Falado, de Manoel de Oliveira, Serralves
A Silver Mt. Zion, no Passos Manuel (Yes! Yes! Yes! Há anos que esperava por este concerto)


2 Nov
Na Companhia de Max Linder, de Maud Linder, Serralves
(acaba) Persona, encenação d’As Boas Raparigas, Estúdio Zero


3 Nov
Do Visível ao Invisível + Espelho Mágico, ambos de Manoel de Oliveira, Serralves
Ladytron, Casa da Música (o bilhete já cá canta)


5 Nov
Belle Toujours, de Manoel de Oliveira, Serralves


6 Nov
Gertrud, de Carl Th. Dreyer, Serralves (yes!)
James Blackshaw, concerto no Mercado Negro (Aveiro. yes! e agora?)


9 Nov
O Aço, de Walter Ruttmann, Serralves
O Nosso Caso – Livro I Génese, de Regina Guimarães & Saguenail, Serralves


13 Nov
Aluminum Babe, concerto no Mercado Negro (Aveiro)


20 Nov
Tara Jane O’Neil, concerto no Mercado Negro (Aveiro)


17 Nov
Beach House, Passos Manuel (oh yes!)


20 Nov
Blood Red Shoes, Santiago Alquimista (e uma data no Norte, não?)


27 Nov
Tiago Guillul, concerto no Mercado Negro (Aveiro)


Resumo:
.Ciclo de cinema dedicado a Manoel de Oliveira (& outros), em Serralves.
.Ciclo de cinema italiano, no Teatro Campo Alegre (TCA)
.9ª Festa do Cinema Francês, Cinemas Cidade do Porto
.Concertos no Porto e em Aveiro


Nota 1: eventuais adendas em posts à parte.
Nota 2: Patrocínios, precisam-se!
Nota 3: Será difícil ir a Serralves durante a semana.


Nota 4: A vida é feita de escolhas tão difíceis.

3.10.08

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E o que pensava Dennis McShade do que dizia Molero? Já não o saberemos, mas desconfiamos.

2.10.08

handshakes - slip to the right/slip back to the left

Por intervenção divina, este blog conseguiu que o Internet Explorer e o Firefox estendessem as mãos num acordo de paz vitalício. Não mais verão alinhamentos à (extrema-)esquerda, quando este blog sempre se posicionou, nas suas intenções moderadas, ao centro(-esquerda).

1.10.08

A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias

Abordada por um Élder num comboio suburbano:


— Esse livro que estás a ler é sobre o quê?
— Como?
— É sobre o quê, esse livro?
— É sobre o amor.
— Oh really?
— Sim.
— E estás a lê-lo porquê? É para diversão ou é para a escola?
— Não é para a escola e é mais do que diversão.
— Então se não é para diversão nem é para a escola é para quê?
— Instrução pessoal.
— Oh really?
— Sim.
— E conta uma história?
— Não, é um ensaio filosófico.
— Oh really?
— Sim.
— Vais sair em Espinho?
— Não, vou sair em Aveiro. E agora vou continuar a ler.
— Está bem.

só para dizer que

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Esta Quinta, dia 2, o Cineclube de Aveiro reabre as portas do Cinema Oita, após as férias de Verão. Iniciando agora um novo mandato, o Cineclube regressa com um novo logotipo e com a habitual selecção de filmes imperdíveis. Ai de quem não se faça sócio e ai do sócio que não renove as suas quotas. E, acima de tudo, ai de quem não apareça.


Design do logotipo e dos cartazes: Menina Limão.

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